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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF só deve dar fonte do dinheiro após eleição
Polícia diz que é mais fácil saber procedência dos dólares, pois montante está seriado, do que de reais, que não estão identificados
De acordo com o Coaf, informações disponíveis não indicam que dinheiro apreendido veio de saques superiores a R$ 100 mil
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pequena quantidade de
reais identificados -R$ 25 mil
do R$ 1,168 milhão- dificulta,
segundo a Polícia Federal,
apontar a origem do dinheiro
para a compra por petistas do
dossiê contra os tucanos José
Serra e Geraldo Alckmin, que
não deve ocorrer antes das eleições. Para a PF, é mais fácil saber a procedência dos dólares
do que dos reais.
Além dos reais, a PF apreendeu com os petistas Gedimar
Passos e Valdebran Padilha
US$ 248,8 mil, o que totalizou
cerca de R$ 1,7 milhão. Em tese
seria mais fácil localizar os dólares, segundo a PF, pois todo o
montante é seriado e está com
cintas da casa da moeda norte-americana.
O procurador da República
em Mato Grosso Mário Lúcio
Avelar, que investiga a compra
de dossiês, e integrantes da CPI
dos Sanguessugas criticaram a
PF, que não estaria agindo com
rapidez na identificação da origem do dinheiro.
Os petistas foram presos com
o dinheiro há dez dias, mas apenas ontem ocorreu uma reunião entre a PF e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão ligado
ao Ministério da Fazenda.
À noite, após o encontro, nota do Coaf diz que dados "disponibilizados hoje [ontem] pela
PF indicam que, dos recursos
apreendidos, apenas R$ 25 mil
apresentavam identificação de
origem, de três diferentes bancos, valor inferior àquele que
ensejaria comunicação" por
parte dos bancos ao órgão.
Ainda segundo o Coaf, nenhuma das informações disponíveis até o momento indica
que o dinheiro apreendido foi
proveniente de saques de valor
superior a R$ 100 mil, o que
obriga os bancos a informarem
as operações ao órgão.
O Coaf divulgou que pesquisou em seu banco de dados os
nomes dos envolvidos na negociação e não encontrou registro
de comunicações de operações
suspeitas relacionadas a eles.
O R$ 1,75 milhão seria o pagamento pela documentação
reunida pela família Vedoin,
que articulou o esquema da
máfia dos sanguessugas. Para a
transação, os Vedoin escalaram
Valdebran, que entregaria o
dossiê. Em nome do PT, o emissário foi Gedimar.
Para identificar a origem dos
dólares, a PF solicitou o apoio
do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação
Jurídica, para acionar o FBI, a
PF norte-americana.
Bancos
Dos R$ 25 mil tarjados, R$ 5
mil vêm de uma agência do Safra, outros R$ 5 mil da agência
Lapa do Bankboston e outros
R$ 15 mil do Bradesco na Barra
Funda. No caso do BankBoston
e do Bradesco, a referência nas
cintas diz respeito a distribuidoras de dinheiro. Portanto, é
possível que as notas não tenham sido sacadas nestes postos, sendo eles apenas referência de passagem do dinheiro.
A PF considera a hipótese de
desvendar o caso antes das eleições se Gedimar revelar os nomes das pessoas de quem teria
recebido o dinheiro. A PF também tenta descobrir um outro
personagem que teria ido ao
hotel em São Paulo onde os petistas foram presos para levar o
dinheiro para a operação.
Colaboraram SHEILA D"AMORIM, da Sucursal
de Brasília, e LEONARDO SOUZA, enviado especial a Cuiabá
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