|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / SENADO
Ex-policial ameaça reeleição de Sarney
Cristina Almeida (PSB), novata em eleições, tem 40% das intenções de voto para o Senado, contra 47% de ex-presidente
Ele tinha 58%, e ela, 8%, mas a diferença caiu nas últimas rodadas de pesquisas; o ex-presidente enfrenta hoje índice de 37% de rejeição
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Mulher, negra, ex-policial
militar e pela primeira vez concorrendo a uma eleição, Cristina Almeida, 40, é candidata ao
Senado pelo PSB no Amapá e
ganha notoriedade nacional ao
ameaçar a reeleição de um dos
grandes caciques políticos do
país, o ex-presidente José Sarney (PMDB), 76.
Ele já foi deputado, governador, presidente (1985-1990) e
disputa o terceiro mandato de
senador pelo Estado, função
que exerce há 16 anos (eleito
em 1990 e 1998), apesar de ter
nascido e construído sua carreira no Maranhão, onde a filha, a senadora Roseana, hoje
disputa com folga um terceiro
mandato de governadora.
Em maio, o Ibope dava 50
pontos de vantagem a Sarney.
Ele tinha 58%, e ela, 8%. Mas,
nas últimas rodadas, a diferença era de 7 pontos (47% contra
40%). O ex-presidente enfrenta 37% de rejeição, resultado de
campanha de Cristina, que se
refere ao maranhense como
"forasteiro", delicia-se com um
site chamado "Xô Sarney" na
internet e provoca, ironicamente: "Por que o Maranhão
tem quatro senadores e o Amapá só dois?".
Cada Estado tem três senadores. Ao deixar o Planalto,
Sarney foi disputar pelo Amapá, onde não tinha inimigos e
teria uma eleição mais fácil.
A Folha ouviu os dois candidatos por telefone, em conversas separadas e gravadas.
Sarney é do PMDB, concorre
numa coligação de sete partidos e diz que nunca se sentiu
"tão jovem e tão animado",
desdenhando a possibilidade
de derrota como "coisa da mídia nacional".
Para Cristina, do PSB, que
concorre numa chapa "puro
sangue" (de um só partido),
Sarney só se preocupa com o
Maranhão: "E é um covarde",
acusa, referindo-se às investidas da coligação do adversário
contra a imprensa e contra sites da internet.
No plano nacional, Sarney é
um dos principais articuladores da aliança do PMDB com o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, considerada fundamental num eventual segundo
mandato do petista para dar
um mínimo de tranqüilidade
ao governo no Congresso.
Mas Cristina também é aliada de Lula e mostrou isso na
prática, ao receber apoio público e em pessoa do governador
do Acre, Jorge Viana, do PT,
cotado para ser um dos articuladores políticos do Planalto na
hipótese de reeleição do presidente Lula.
Sarney dá de ombros: "olha,
isso não teve a menor importância. Ninguém nem tomou
conhecimento da passagem do
Jorge Viana por aqui".
O Amapá é um ex-território
que virou Estado com a constituinte de 1988, tem uma economia pobre e centrada na extração de borracha e castanha e é
uma das unidades da Federação com menor população (em
torno de 595 mil) e com menor
eleitorado (cerca de 360 mil).
Texto Anterior: Procurador pede à PF que apure por que Duda e Dirceu são citados em operação Próximo Texto: José Sarney: "Tenho uma posição muito boa no Amapá, sou estimado", diz Sarney, que nega rejeição de 37% Índice
|