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"O Maranhão tem quatro senadores, e o Amapá, dois", afirma a rival de senador
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FOLHA - Quem é a senhora?
CRISTINA ALMEIDA - Sou filha de
agricultores do município de
Itaubal, tenho sete irmãos e
mais seis adotivos. Sou uma das
menores, já nasci em Macapá.
Sempre estudei em escola pública. Me formei em administração em Belém, voltei, fiz o
primeiro concurso que apareceu e passei, virei policial militar em 1989. Depois, fiz outro
concurso, larguei a farda e hoje
sou administradora legislativa
da Assembléia Legislativa.
FOLHA - É sua primeira eleição?
CRISTINA - É, é a primeira vez
que concorro, mas sou militante do PSB há mais de seis anos e
sempre assessorei políticos.
Fui logo para um cargo majoritário porque sempre me angustiei, como amapaense, em saber que todas as unidades da
Federação têm três senadores,
menos o meu Estado. O Maranhão tem quatro senadores, e o
Amapá, dois. A seção feminina
do meu partido foi muito
atuante, me escolheu, e o partido decidiu lançar um candidato
majoritário do sexo masculino,
para o governo, e outro do sexo
feminino, para o Senado, que
fui eu. Foi o grande motivo.
FOLHA - Não é uma disputa inglória, contra um ex-presidente?
CRISTINA - Estou muito confiante desde o início, porque
comecei a perceber um crescimento muito rápido, que me
deu estímulo dentro e fora do
partido. E um fator muito importante é o índice de rejeição
do meu adversário, porque ele,
em vez de trazer benefícios para cá, leva para o Maranhão.
FOLHA - Não é o que ele diz. E a universidade federal, a ponte binacional, a energia elétrica?
CRISTINA - A Universidade Federal do Amapá já existe há 16
anos, mas nós só temos 14 cursos de graduação, e dois são recentes, porque um senador que
está há anos lá em Brasília só
conseguiu ampliar dois cursos.
Por que não ampliar um curso
por ano? Nós somos um dos Estados mais preservados do
Norte, mas cadê um curso de
engenharia florestal? Temos
muito minério, cadê o curso de
geologia? Cadê o curso de medicina? No Estado de Roraima,
criado no mesmo dia do Amapá, eles têm uns 30 cursos. E
eles não tiveram um ex-presidente lá.
Nós somos um Estado isolado, onde você só entra e sai de
navio ou de avião. Isso dificulta
muito a vinda de indústrias para cá. Nós precisamos de um
porto de grande porte. Você
acredita nisso? Tudo vai para o
Maranhão.
FOLHA - Daí esse movimento "Xô,
Sarney" na internet?
CRISTINA - Quando as pessoas
dizem isso, "fora Sarney", "volta pra casa", principalmente
nos comícios, eu critico e digo o
contrário: "Não, o Sarney nunca veio aqui, ele já é de fora".
Queremos é respeito ao Estado.
FOLHA - Seus ídolos na política?
CRISTINA - Na política nacional,
sempre tive o sonho de colocar
o Lula na Presidência. Como
mulher guerreira da Amazônia,
temos a Marina Silva, e aqui no
Estado temos o nosso grande líder que é o João Capiberibe,
candidato a governador.
FOLHA - O Sarney é um dos aliados
mais de Lula em Brasília. Como é
que vocês dividem o Lula no Estado?
CRISTINA - O partido recebeu
aqui no Amapá o coordenador
geral da campanha do Lula para
a região Norte, o governador do
Acre, Jorge Viana, que veio
prestar apoio ao nosso palanque. A gente entendeu a mensagem. Acho que o Lula não teve outra alternativa, mesmo sabendo de toda a trajetória do
meu adversário. Só tenho a lamentar esse apoio do Lula a ele.
FOLHA - Essa crise do dossiê está interferindo no Amapá?
CRISTINA - É impressionante
como isso não chega aqui. Não
conseguem enxergar o Lula
metido nisso. Aqui, não afeta.
FOLHA - Como define Sarney?
CRISTINA - Acho ele covarde pelo que tem feito no nosso Estado, impedindo que as pessoas
se manifestem, decidam, escolham o que é melhor para elas.
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