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Planalto faz acordo com PMDB por CPMF
Walfrido reúne cúpula do partido e promete liberar cargos reivindicados pela sigla; votação do tributo deve ser retomada hoje
Operação do governo para tranqüilizar a base foi para reparar a insatisfação causada pelas nomeações de petistas para a Petrobras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para conter os ânimos na base aliada e avançar na tramitação da emenda que prorroga a
CPMF, o governo reuniu ontem a cúpula do PMDB para
uma conversa, na qual, segundo
peemedebistas, ficou acertado
que as reivindicações da sigla
serão atendidas. A votação na
Câmara será retomada hoje.
A operação do governo para
tranqüilizar aliados se deu por
conta do desastre político causado pelas nomeações de dois
petistas para a Petrobras. Os
peemedebistas ficaram irritados com o fato de Maria das
Graças Foster e José Eduardo
Dutra terem sido indicados para a estatal na sexta-feira, enquanto seu pleito, ficar com a
diretoria internacional da empresa, continua engavetado.
Após o encontro com o ministro Walfrido dos Mares Guia
(Relações Institucionais), o
presidente do PMDB, Michel
Temer (SP), se disse "tranqüilo". "O ministro nos tranqüilizou ao dizer que tínhamos de
ver as nomeações do PT como o
pontapé inicial para o processo", disse Temer, que esteve
com Walfrido, com o líder da
bancada na Câmara, Henrique
Alves (RN), e o líder do governo
na Casa, José Múcio (PTB-PE).
Um grupo de 14 deputados de
partidos da base fizeram uma
visita de apoio a Walfrido na
tarde de ontem, no Planalto.
Eles negaram ter discutido partilha de cargos ou liberação de
emendas na conversa.
"Viemos trazer um abraço a
um amigo que está sendo exposto por alguns setores que o
condenaram antes do julgamento", afirmou Múcio, que
disse que Walfrido "não vai deixar o governo". "Ele é absolutamente imprescindível."
A expectativa é que a votação
seja retomada hoje. Para isso,
governistas buscavam brechas
no regimento para rejeitar preliminarmente algumas das 36
emendas ao texto que têm que
ser votadas no plenário.
A CPMF foi aprovada em primeiro turno há uma semana.
Ainda falta votar as emendas e
aprovar o texto em segundo
turno. A previsão é que isso
ocorra em duas ou três semanas. Só então a emenda seguirá
ao Senado, onde também terá
de ser aprovada em dois turnos.
O PP também está insatisfeito. Reivindica a manutenção de
um apadrinhado na diretoria
de Abastecimento da Petrobras. Segundo um membro da
direção partidária, a retirada do
cargo da cota do PP será considerada "facada nas costas".
Ontem, no início da noite,
Walfrido (PTB) chamou líderes
da base aliada para outra rodada de conversas no Planalto,
com o intuito de apaziguar ânimos e acertar a votação hoje.
Muitos deputados governistas atribuem o princípio de crise à fragilidade de Walfrido,
que está tendo de se defender
de acusações de participação
no valerioduto mineiro, inclusive podendo ser denunciado
nos próximos dias pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Aproveitando-se do enfraquecimento do ministro, a ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, emplacou os dois petistas, seus aliados, na Petrobras antes dos demais partidos.
Por meio de acordo, a Câmara aprovou ontem projeto de lei
que cria incentivos tributários
aos setores calçadista, moveleiro e têxtil. Uma MP nesse sentido havia sido retirada pelo governo para facilitar a tramitação da emenda da CPMF.
(FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)
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