São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

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Planalto faz acordo com PMDB por CPMF

Walfrido reúne cúpula do partido e promete liberar cargos reivindicados pela sigla; votação do tributo deve ser retomada hoje

Operação do governo para tranqüilizar a base foi para reparar a insatisfação causada pelas nomeações de petistas para a Petrobras

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para conter os ânimos na base aliada e avançar na tramitação da emenda que prorroga a CPMF, o governo reuniu ontem a cúpula do PMDB para uma conversa, na qual, segundo peemedebistas, ficou acertado que as reivindicações da sigla serão atendidas. A votação na Câmara será retomada hoje.
A operação do governo para tranqüilizar aliados se deu por conta do desastre político causado pelas nomeações de dois petistas para a Petrobras. Os peemedebistas ficaram irritados com o fato de Maria das Graças Foster e José Eduardo Dutra terem sido indicados para a estatal na sexta-feira, enquanto seu pleito, ficar com a diretoria internacional da empresa, continua engavetado.
Após o encontro com o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais), o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), se disse "tranqüilo". "O ministro nos tranqüilizou ao dizer que tínhamos de ver as nomeações do PT como o pontapé inicial para o processo", disse Temer, que esteve com Walfrido, com o líder da bancada na Câmara, Henrique Alves (RN), e o líder do governo na Casa, José Múcio (PTB-PE).
Um grupo de 14 deputados de partidos da base fizeram uma visita de apoio a Walfrido na tarde de ontem, no Planalto. Eles negaram ter discutido partilha de cargos ou liberação de emendas na conversa.
"Viemos trazer um abraço a um amigo que está sendo exposto por alguns setores que o condenaram antes do julgamento", afirmou Múcio, que disse que Walfrido "não vai deixar o governo". "Ele é absolutamente imprescindível."
A expectativa é que a votação seja retomada hoje. Para isso, governistas buscavam brechas no regimento para rejeitar preliminarmente algumas das 36 emendas ao texto que têm que ser votadas no plenário.
A CPMF foi aprovada em primeiro turno há uma semana. Ainda falta votar as emendas e aprovar o texto em segundo turno. A previsão é que isso ocorra em duas ou três semanas. Só então a emenda seguirá ao Senado, onde também terá de ser aprovada em dois turnos.
O PP também está insatisfeito. Reivindica a manutenção de um apadrinhado na diretoria de Abastecimento da Petrobras. Segundo um membro da direção partidária, a retirada do cargo da cota do PP será considerada "facada nas costas".
Ontem, no início da noite, Walfrido (PTB) chamou líderes da base aliada para outra rodada de conversas no Planalto, com o intuito de apaziguar ânimos e acertar a votação hoje.
Muitos deputados governistas atribuem o princípio de crise à fragilidade de Walfrido, que está tendo de se defender de acusações de participação no valerioduto mineiro, inclusive podendo ser denunciado nos próximos dias pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.
Aproveitando-se do enfraquecimento do ministro, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, emplacou os dois petistas, seus aliados, na Petrobras antes dos demais partidos.
Por meio de acordo, a Câmara aprovou ontem projeto de lei que cria incentivos tributários aos setores calçadista, moveleiro e têxtil. Uma MP nesse sentido havia sido retirada pelo governo para facilitar a tramitação da emenda da CPMF. (FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)

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