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Walfrido diz que não deixará o governo se for denunciado
"Eu vou enfrentar a denúncia como ministro; denúncia não é culpa", afirma petebista
Ministro diz que não quer prejudicar o governo e que seu futuro político pertence ao presidente Lula -"não sou dono do meu cargo"
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) disse que pretende permanecer no cargo de articulador político do governo mesmo
que seja denunciado pela Procuradoria Geral da República
no inquérito que apura o esquema do valerioduto mineiro.
"Minha disposição é a seguinte: eu vou enfrentar a denúncia como ministro; denúncia não é culpa", disse Walfrido
ontem à Folha, após receber a
solidariedade de seus colegas
do Planalto e de políticos da base aliada no Congresso.
Questionado se havia acertado essa estratégia com Lula,
Walfrido ressalvou ser essa sua
disposição, mas que seu futuro
pertence ao presidente: "Não
sou dono do meu cargo. Já informei o presidente que estou
seguro da minha inocência,
mas também disse que se estiver prejudicando o governo
não serei nenhum empecilho".
Sobre a eventual denúncia,
declarou: "Se eu for denunciado, não vou comentar, não cabe
isso, mas vou me defender no
processo, desse direito eu não
abdico". Ontem, Walfrido reuniu-se no Planalto com os ministros Dilma Rousseff (Casa
Civil) e Franklin Martins (Comunicação) e com o chefe-de-gabinete de Lula, Gilberto Carvalho. Na reunião, recebeu dos
colegas o estímulo para ficar no
cargo mesmo que o procurador-geral Antonio Fernando de
Souza decida incluí-lo na denúncia a ser encaminhada ao
Supremo Tribunal Federal.
Segundo a Folha apurou, na
reunião os ministros analisaram que o governo não pode ficar na "defensiva" e afastar ministros sempre que surja uma
acusação e não haja provas
contra ele, como teria ocorrido
com o ex-ministro Silas Rondeau (Minas e Energia).
No caso de Walfrido, a avaliação é que, pelo que foi divulgado até agora, o ministro não
teria tido nenhuma participação que o comprometesse durante a campanha de reeleição
do ex-governador tucano
Eduardo Azeredo (MG). Segundo relato ouvido pela Folha, a não ser que surja um fato
novo, a documentação reunida
pela Polícia Federal não seria
suficiente para incriminá-lo.
Um ministro que participou
da reunião disse à Folha que
não é possível dizer que um
rascunho de estimativa de gastos de campanha seja prova de
que Walfrido manipulou recursos da campanha e fez previsões de uso de caixa dois.
Entre a documentação em
posse da PF, há folhas rascunhadas com previsões de gastos de campanhas anotadas pelo hoje ministro, na época vice-governador e candidato a deputado federal pelo PTB.
No papel havia anotação de
previsão de verba da campanha
de Azeredo a ser destinada a
outras campanhas -tal movimentação não foi registrada na
Justiça Eleitoral. Em um dos
casos, a PF identificou dinheiro
do esquema de Marcos Valério
entrando na conta da candidata Júnia Marise uma semana
depois que Walfrido fez a anotação de previsão de verba.
O ministro informou a seus
colegas que na sexta-feira encaminha ao procurador-geral
uma versão preliminar da auditoria encomendada por ele em
sua empresa Samos. A Receita
suspeita que ela tenha registrado movimentações financeiras
atípicas em 2002, ano em que o
ministro fez um empréstimo
para Eduardo Azeredo quitar
uma dívida de R$ 500 mil.
Ele disse aos ministros que a
auditoria provará que em nenhum momento usou dinheiro
ilícito para ajudar o tucano.
Além do encontro com os
ministros, Walfrido recebeu a
solidariedade de líderes do
PMDB, que estiveram com ele,
e recebeu telefonema de apoio
de José Sarney. Ele participou
também de uma reunião com
chefes de gabinetes dos ministérios, quando Gilberto Carvalho disse que Walfrido tem a
confiança do presidente e que
todos deveriam procurar atender seus pedidos para facilitar
as relações com a base aliada.
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