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Candidatos "esquecem" polêmica e apóiam contrato do lixo por 20 anos
Marta, Alckmin e Kassab defendem acordo em que 2 consórcios, com empresas já acusadas por fraude , dividem a coleta em toda a cidade
Na gestão do então prefeito Serra, a Fipe reviu o contrato e concluiu que não havia superfaturamento; valor, porém, ficou 17,31% menor
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O contrato bilionário válido
por 20 anos para a coleta de lixo
em São Paulo, que quatro anos
atrás foi central no debate eleitoral, ficará do jeito que está em
caso de vitória de qualquer um
dos três candidatos que disputam vaga no segundo turno da
sucessão municipal deste ano.
Tanto Marta Suplicy (PT),
responsável por sua assinatura
quando era prefeita, quanto
seus adversários Geraldo Alckmin (PSDB) e Gilberto Kassab
(DEM) defendem o atual sistema, em que duas concessionárias recebem, todo mês, cerca
de R$ 41 milhões para recolher,
diariamente, 9.500 toneladas
de lixo domiciliar na cidade.
Parte das empresas que estão
nos consórcios já foi acusada de
integrar o que ficou conhecido
como "máfia do lixo", por causa
de suspeitas de acertos em licitações e fraudes nos serviços.
Ao fim do atual contrato, essas
empresas terão recebido mais
de R$ 10 bilhões do município.
Na campanha pela prefeitura
em 2004, o hoje governador José Serra (PSDB), que tinha Kassab como vice, disse considerar
"plausível" a hipótese de ter havido corrupção na licitação que
escolheu as concessionárias.
Já no comando do Executivo
municipal, ele tentou cancelar
o contrato, sem sucesso.
Depois, pagou R$ 945 mil,
sem fazer licitação, para que a
Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) da USP
refizesse o cálculo do custo dos
serviços de coleta de lixo.
O tucano pretendia demonstrar que o contrato estava superfaturado. A Fipe, porém,
concluiu que não havia superfaturamento. Como os investimentos das empresas previstos
haviam sido suspensos, a fundação sugeriu que o pagamento
poderia ser 17,31% menor.
Trata-se do desconto aplicado hoje no contrato pelo governo Kassab, que fechou acordo
com as concessionárias, acomodando interesses empresariais e da prefeitura. A gestão
Kassab alega que economizará
cerca de R$ 2 bilhões em 20
anos com a renegociação, que
incluiu pagamento de dívidas
superiores a R$ 100 milhões
deixadas pela gestão Marta.
Alguns itens do cronograma
de investimentos nem sequer
saíram do papel. As concessionárias correm agora para implantar mais 17 centrais de triagem, arrumar novos terrenos
para aterros e fazer coleta de lixo porta a porta nas favelas.
Apesar das promessas dos
candidatos favoritos de manter
o atual sistema, o contrato não
está totalmente seguro. Uma
ação movida pelo Ministério
Público Estadual quatro anos
atrás, na qual os promotores
pedem a anulação da contratação por suspeita de acerto prévio no processo de concorrência, ainda tramita na Justiça.
Os serviços de varrição são
separados. Cinco empresas fazem o trabalho, com contratos
de até seis anos, ao custo mensal de cerca de R$ 25 milhões.
Os três candidatos também falam em manter tais acordos.
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