São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Governo do RS contratou empresa vinculada a presidente de estatal

TCE investiga se dirigente da Procergs usou cargo para facilitar contratação de companhia da qual era sócio

Segundo a "Veja", Ronei Ferrigolo é investigado por suposto recebimento de mesada de R$ 15 mil, paga pela Federasul; ele nega

GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O governo gaúcho contratou uma empresa ligada ao presidente da Procergs (estatal de processamento de dados do Rio Grande do Sul), Ronei Ferrigolo. O TCE (Tribunal de Contas do Estado) apura se há irregularidades nos contratos do governo com a Processor Informática Ltda., empresa que teve Ferrigolo como sócio e que começou a ser fornecedora do Estado depois que ele passou a ser diretor da estatal.
A suspeita investigada pelo tribunal é a de que o dirigente tenha usado o cargo para facilitar a contratação da companhia, da qual foi sócio até 2002, o que caracterizaria improbidade administrativa.
O TCE está realizando auditoria extraordinária na estatal. No foco da devassa está uma licitação de 2002 para a contratação de R$ 1 milhão em produtos e serviços de tecnologia da informação para a Procergs.
A Processor perdeu a disputa, mas acabou ficando com o contrato após a ganhadora da concorrência, a TBA Informática, desistir dele em acordo judicial em 2003, ano em que Ferrigolo passou a ocupar, por indicação do PMDB, uma das diretorias da Procergs.
O contrato com a Procergs foi a porta de entrada para a Processor se tornar uma das principais fornecedoras de tecnologia da informação para o governo gaúcho.
Segundo a Folha apurou, pelo menos dez secretarias e empresas estatais contrataram a Processor desde 2004, sem licitação, tendo como referência os valores do contrato com a Procergs. O TCE ainda não sabe quanto a empresa faturou.
Em março de 2007, Ferrigolo foi exonerado do cargo de diretor de desenvolvimento, mas voltou à Procergs em setembro, como presidente.

Suposta mesada
Ferrigolo também está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual e pela PGE (Procuradoria Geral do Estado) por supostamente ter recebido mesada de R$ 15 mil da Federasul (Federação das Associações Comerciais do RS).
O dinheiro seria uma espécie de "complemento salarial", afirma reportagem da revista "Veja". O secretário de Governo, Erik Camarano, segundo a revista, também receberia um salário "por fora" de empresários. Ambos negam.
Ontem, o secretário-adjunto estadual da Fazenda, Ricardo Englert, disse que a permanência de Ferrigolo no governo depende da análise da PGE. O governo prometeu demiti-lo se for constatada irregularidade. Ontem, Englert disse que, mesmo que não seja constatado conflito de interesses, o governo pretende reunir o conselho administrativo da Procergs para definir se Ferrigolo continua no cargo.


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