São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

PT reage a entrevista de Mônica Dallari e vê participação de senador contra prefeita

Namorada de Suplicy provoca crise na campanha de Marta

Regina de Grammont - 22.jun.2004
Mônica Dallari ao lado do namorado, o senador Eduardo Suplicy


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sobraram para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) os estilhaços da entrevista de sua namorada, a jornalista Mônica Dallari, à revista "Veja". A uma semana do segundo turno, Dallari condenou a condução política da campanha de Marta e fez várias críticas ao comportamento pessoal da prefeita e ao seu atual marido, Luis Favre. A entrevista abriu uma crise dentro do PT.
Foi o segundo revés na campanha da petista, que teve seu marqueteiro, Duda Mendonça, preso durante uma briga de galo no Rio, na quinta. Duda foi libertado sob fiança, após ser indiciado.
Líderes do partido e integrantes do comando da campanha da petista criticaram violentamente o comportamento de Mônica Dallari. Até o presidente nacional do PT, José Genoino, deixou evidente sua contrariedade: "Pelo nível da entrevista, não me sinto à vontade para fazer comentários".
Genoino nem sequer descartou a suspeita -levantada pelos aliados de Marta- de que o próprio Suplicy tenha estimulado a entrevista para expor, indiretamente, suas ressalvas à campanha.
Uma das causas de indignação dos petistas está no fato de Suplicy ter avalizado, em entrevista à Folha, as críticas que Mônica fez ao tom agressivo da campanha e à busca do apoio explícito do ex-prefeito Paulo Maluf (PP).
Na entrevista, Mônica diz que, numa disputa, Suplicy "trabalharia numa linha muito mais propositiva e seria mais crítico em relação a apoios como o do Maluf".
No sábado, Suplicy concordou, alimentando essa suspeita.
"Não vou entrar nesse terreno [de que Suplicy tenha agido deliberadamente]. Ele não falou com vocês [Folha]? E então?", pergunto Genoino.
Lembrando que Mônica é jornalista, um integrante do comando da campanha de Marta acusa a namorada de Suplicy de prejudicar intencionalmente a candidata.
Segundo esse interlocutor, Suplicy não deveria ter concordado com a entrevista. Além disso, para esse colaborador de Marta, todo relacionamento pressupõe um pacto para que um não interfira na atividade pública do outro.
O líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo, Cândido Vacarezza, chamou a entrevista de "desqualificada, infeliz, inoportuna e estapafúrdia".
"O enfoque da entrevista não é uma avaliação política, é desqualificada. Não está à altura de Suplicy nem de Marta. Ela [Mônica] transformou em problema político um problema pessoal", disse.
Embora Suplicy tenha admitido que sabia da entrevista, Vacarezza diz duvidar que o senador tenha concordado para se livrar do ônus de uma derrota de Marta. "Esse não é o "modus operandi" de Suplicy. Ele é ético, nunca faria uma coisa dessas". Para Vacarezza, Mônica soltou "os diabos que estavam dentro dela".
Na entrevista, a jornalista não critica apenas a condução agressiva da campanha de Marta e o assédio a Maluf. Diz ainda que Suplicy tem sofrido desgastes de imagem por apoiar a ex-mulher.
Afirma também que Marta reprimia Suplicy quando o senador cantava e conta até que protestou quando a prefeita mandou o senador calar-se numa atividade na associação comercial.
Sob pressão, Suplicy não aliviou nem Vacarezza: "Estou intensamente na campanha. Se o Vacarezza estivesse presente aos comícios desse último fim de semana, teria me visto como eu não o vi".


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