São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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CCJ deve rejeitar recurso de petista para sustar processo de cassação

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara deverá impor hoje mais uma derrota ao ex-ministro José Dirceu, rejeitando um recurso que visa sustar seu processo de cassação de mandato no Conselho de Ética da Casa.
Sem o apoio do Palácio do Planalto, que recomendou a não interferência no caso, Dirceu dificilmente conseguirá reverter a maioria costurada pela oposição para vetar o relatório do deputado Darci Coelho (PP-TO), favorável à paralisação do processo.
Nas contas da oposição, apesar de os partidos governistas terem maioria na comissão, Dirceu não terá o apoio integral das bancadas aliadas e somaria de 15 a 17 votos para um quórum previsto de 50 deputados na sessão (a comissão é composta de 61 integrantes). O restante votaria contra o relatório.
Preocupada com uma possível manobra do governo para "salvar" Dirceu, a oposição passou o dia contabilizando votos e negociando eventuais trocas de titulares por suplentes para assegurar uma margem segura de votação.
Pela manhã, alguns oposicionistas chegaram a anunciar que trabalhavam para obstruir a sessão da comissão, mas o discurso mudou ao longo do dia após o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) anunciar que o placar ficaria em 35 a 15.
"Se for jogo limpo vamos votar amanhã [hoje]", disse ACM Neto. "Ele está derrotado", completou.
Além do pefelista, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), e o relator do processo contra o petista no conselho, Júlio Delgado (PSB-MG), articularam ontem para convencer os integrantes dos seus partidos na CCJ a rejeitarem o parecer que favorece Dirceu. A tendência é que o ex-ministro tenha 9 votos do PT, 1 do PC do B, e de 5 a 7 entre os demais aliados. O único voto contrário do grupo petista deverá ser o do presidente da CCJ, Antonio Carlos Biscaia (PT-SP).
Entre os partidos aliados, a situação mais adversa contra Dirceu está no PMDB. Pelo menos 5 dos 8 membros peemedebistas na comissão admitem que votarão contra o relatório. Sobre a votação, Dirceu disse apenas que "a expectativa é boa, e que só precisa ver se vai votar mesmo".
Ontem, os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e José Eduardo Cardozo (PT-SP), que integram a CCJ, estiveram reunidos com o coordenador político do governo, ministro Jaques Wagner, que teria recomendado que os petistas não se envolvessem para frear o processo.


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