São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Eu sozinho

Quem conversa com Lula sai com a impressão de que o processo de montagem de seu eventual segundo governo será bem diferente do verificado na transição de 2002, quando o então presidente eleito se apoiou largamente em José Dirceu e -no tocante à área econômica- Antonio Palocci para fazer consultas e definir nomes. Ainda que alguns emissários possam ser encarregados de realizar sondagens, ninguém cumprirá papel semelhante ao da dupla.
Assessores de longa data estão no escuro quanto às intenções do presidente. Um PhD em Lula aposta que, se vitorioso, o petista promoverá audiências e conversas. Mas tudo meio pró-forma. A esta altura, ele já teria quase todo o ministério na cabeça.

Dobradinha. Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) seguiram juntos para reforçar a campanha de Lula em Alagoas, terra natal de ambos, nesta reta final. O presidente venceu por pequena margem no Estado, mas perdeu em Maceió.

Opção 1. Se as alternativas forem Aldo e Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), os pefelistas, ao contrário de seus aliados tucanos, preferem a manutenção do primeiro na presidência da Câmara.

Opção 2. No PFL, alguns, como o líder da bancada, Rodrigo Maia (RJ), construíram uma relação de proximidade com Aldo. Outros, como ACM Neto (BA), ficariam com o atual presidente por exclusão. Ver o arquiinimigo Geddel no comando da Câmara é o atual pesadelo dos carlistas.

Caroço. A Casa Civil deixou claro à CTNBio seu desejo de ver aprovado um algodão transgênico de interesse do governador Blairo Maggi (PPS-MT), recém-transformado em cabo eleitoral de Lula. Os ambientalistas da comissão, porém, levaram a melhor. Nada de liberação.

Wally 1. Durante encontro com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) em São Paulo, o governador eleito André Puccinelli (PMDB-MS) disse que pretende manter uma "boa interlocução" com Lula. Sob pressão de prefeitos de seu Estado, o peemedebista, que estava com Alckmin no primeiro turno, cuidou de sumir no segundo.

Wally 2. Militante presente ao ato de campanha que reuniu em Curitiba os tucanos José Serra e Beto Richa e o candidato ao governo Osmar Dias (PDT) garante: não ouviu nenhuma vez o nome de Geraldo Alckmin.

Pegadas. Eduardo Campos (PSB) fez de Aécio Neves seu modelo de gestão e de projeto político. O líder em Pernambuco quer um secretariado com nomes nacionais. E não esconde de aliados que, no futuro, o Planalto é o limite.

Testemunho. Com a liderança na sucessão gaúcha ameaçada por Olívio Dutra (PT), que investe no discurso de parceria com Lula, Yeda Crusius (PSDB) usará na TV depoimento de Aécio no qual o mineiro diz ser possível governar bem mesmo num partido de oposição ao Planalto.

Mímica. Yeda assustou os assessores ao perder a voz nesta última semana de campanha. Ela passa por "tratamento intensivo" para estar bem hoje no debate da Globo.

Mais um. À diferença de outros membros da direção nacional do PSB, Márcio França não vê problema em receber no partido o deputado eleito Clodovil (PTC). "Já tivemos várias pessoas polêmicas", diz o secretário-geral.

Eu, não. Clodovil, por sua vez, afirma ter "apreço por todos os partidos do Brasil", mas nega ter encarregado um emissário de perguntar a Lula em qual sigla deveria entrar.

Cadeira. O Brasil ocupará no próximo mandato a presidência do G-20, grupo de países emergentes no qual estão ainda China, Índia e Rússia.

Tiroteio

"O jacaré de Alckmin insistiu tanto em bater o rabo que se esqueceu de morder".
Do deputado WALTER PINHEIRO (PT-BA), ironizando o candidato tucano, que costuma comparar gráficos de pesquisas à boca de um jacaré; segundo diferentes institutos, ela está se "abrindo" a favor de Lula.

Contraponto

Numerólogo

Jackson Lago (PDT) participava de evento com apoiadores de sua candidatura no Maranhão quando Flávio Dino, eleito deputado pelo PC do B, foi convidado a falar.
-Queria lembrar a todos que domingo é dia de votar 25-, começou o ex-juiz, citando, para espanto geral, o número da adversária de Lago, Roseana Sarney (PFL).
Quando o burburinho dos presentes começava a se transformar em vaia, Dino se explicou:
-Calma, gente! É fazer a conta: basta somar o 12 do PDT de Jackson ao 13 do PT de Lula.
Em tempo: o PC do B de Dino apóia Lula, mas o presidente está com Roseana e não abre.


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