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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF desconfia que dinheiro saiu de caixa dois do PT
Policiais federais estão convencidos de que ex-assessor de Mercadante levou a quantia para a dupla detida em SP
Fato de haver notas de alto e baixo valor além de dólares
denota arrecadação em diversas fontes, segundo indícios, de praças distintas
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
A hipótese mais provável
com a qual a PF trabalha sobre
a origem do dinheiro para a
compra do dossiê contra tucanos é que os recursos tenham
vindo do caixa dois do PT, segundo a Folha apurou.
São muitos os elementos
considerados pela PF nessa direção. O dinheiro apreendido
com os emissários do PT Gedimar Passos e Valdebran Padilha, ao que tudo indica, tem origem irregular. Os recursos não
foram computados na contabilidade do partido e há sinais de
que o dinheiro não saiu diretamente do sistema bancário para as mãos da dupla, podendo
ter passado, por exemplo, por
bancas do jogo do bicho no Rio.
Há notas altas, pequenas e
parcela em dólar, o que denota
arrecadação em várias fontes.
Segundo os indícios já levantados, o dinheiro (R$ 1,75 milhão) veio de praças distintas,
entre as quais Rio, São Paulo e
possivelmente Santa Catarina.
Sem contar que o caso ocorreu em meio à disputa eleitoral
e que, das cinco pessoas diretamente envolvidas com o escândalo, quatro trabalhavam para
a campanha do presidente Lula
e um para a de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.
Dois integrantes da PF ligados às investigações confirmaram à reportagem que esse é o
cenário que consideram ter
mais chances de ser confirmado, ou seja, que o dinheiro saiu
do caixa dois do partido.
A PF está convencida de que
Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Mercadante, foi quem levou o dinheiro para Gedimar e Valdebran
no hotel onde os dois foram detidos. Imagens do sistema interno de TV do hotel mostram
Lacerda entrando no hotel com
uma mesma mala depois carregada por Gedimar. Segundo
Valdebran disse à polícia, era a
mesma mala que Gedimar exibiu a ele repleta de dinheiro.
Lacerda, no entanto, nega que
tenha levado dinheiro ao hotel.
Exceto Lacerda, os demais
envolvidos (Gedimar, Valdebran, Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Oswaldo Bargas)
admitiram ter tomado conhecimento de que Luiz Antonio
Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas e autor do dossiê,
queria dinheiro pelo material.
No entanto, todos eles negaram à PF, nos depoimentos que
prestaram, ter informações sobre a origem do dinheiro.
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