São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

PF desconfia que dinheiro saiu de caixa dois do PT

Policiais federais estão convencidos de que ex-assessor de Mercadante levou a quantia para a dupla detida em SP

Fato de haver notas de alto e baixo valor além de dólares denota arrecadação em diversas fontes, segundo indícios, de praças distintas


LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A hipótese mais provável com a qual a PF trabalha sobre a origem do dinheiro para a compra do dossiê contra tucanos é que os recursos tenham vindo do caixa dois do PT, segundo a Folha apurou.
São muitos os elementos considerados pela PF nessa direção. O dinheiro apreendido com os emissários do PT Gedimar Passos e Valdebran Padilha, ao que tudo indica, tem origem irregular. Os recursos não foram computados na contabilidade do partido e há sinais de que o dinheiro não saiu diretamente do sistema bancário para as mãos da dupla, podendo ter passado, por exemplo, por bancas do jogo do bicho no Rio.
Há notas altas, pequenas e parcela em dólar, o que denota arrecadação em várias fontes. Segundo os indícios já levantados, o dinheiro (R$ 1,75 milhão) veio de praças distintas, entre as quais Rio, São Paulo e possivelmente Santa Catarina.
Sem contar que o caso ocorreu em meio à disputa eleitoral e que, das cinco pessoas diretamente envolvidas com o escândalo, quatro trabalhavam para a campanha do presidente Lula e um para a de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo.
Dois integrantes da PF ligados às investigações confirmaram à reportagem que esse é o cenário que consideram ter mais chances de ser confirmado, ou seja, que o dinheiro saiu do caixa dois do partido.
A PF está convencida de que Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Mercadante, foi quem levou o dinheiro para Gedimar e Valdebran no hotel onde os dois foram detidos. Imagens do sistema interno de TV do hotel mostram Lacerda entrando no hotel com uma mesma mala depois carregada por Gedimar. Segundo Valdebran disse à polícia, era a mesma mala que Gedimar exibiu a ele repleta de dinheiro. Lacerda, no entanto, nega que tenha levado dinheiro ao hotel.
Exceto Lacerda, os demais envolvidos (Gedimar, Valdebran, Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso e Oswaldo Bargas) admitiram ter tomado conhecimento de que Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas e autor do dossiê, queria dinheiro pelo material.
No entanto, todos eles negaram à PF, nos depoimentos que prestaram, ter informações sobre a origem do dinheiro.


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