São Paulo, sexta-feira, 26 de outubro de 2007

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PF prende 32 funcionários da Funasa suspeitos de fraude

Polícia sustenta que quadrilha causou um prejuízo de R$ 34 milhões ao erário

Segundo a PF, grupo era liderado pelo coordenador da Funasa em Roraima; na ação foram apreendidos documentos e R$ 1,3 milhão

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Trinta e duas pessoas foram presas ontem nos Estados de Roraima, Amazonas e Paraná sob suspeita de integrar uma organização criminosa que fraudava processos licitatórios da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Investigações da Polícia Federal indicam que o grupo causou um prejuízo de R$ 34 milhões aos cofres públicos.
Entre os presos estão servidores da fundação e sócios e administradores de empresas licitantes. A maior parte das prisões ocorreu em Boa Vista (RR): 25. Foi preso o coordenador regional da Funasa em Roraima, Ramiro Teixeira, apontado pela PF como o chefe do grupo. A reportagem não conseguiu localizar um advogado dele até a noite de ontem.
Segundo a PF, dos 25 presos em Boa Vista, ao menos 16 são servidores. Na sede da Funasa na capital de Roraima a polícia apreendeu documentos, computadores e notas fiscais. Segundo as investigações, iniciadas em 2006, as fraudes ocorriam há cerca de três anos em licitações de serviços de transporte em táxi aéreo, contratação de obras de engenharia e aquisição de medicamentos.
"Fraudavam as licitações de diversas maneiras. Desde a publicação do edital, ao qual não era dada a publicidade devida. Os preços eram acima do mercado. Havia um acordo de quem seria o vencedor. Depois o vencedor, com os lucros da assinatura do contrato, dividia com os outros licitantes e servidores", disse o delegado Alexandre Ramagem, que comandou a Operação Metástase.
Ramagem declarou que houve pagamento de serviços não realizados e superfaturados. Além das prisões, a PF apreendeu R$ 1,3 milhão em Boa Vista.
O secretário da Saúde de Boa Vista, Namis Levino Filho, teve mandado de prisão determinado pela Justiça Federal. Ele não foi preso por estar em viagem a Brasília. Por telefone, o secretário se disse "surpreso" com a acusação e afirmou que voltaria para prestar esclarecimentos.
Em Curitiba (PR) cinco pessoas foram presas. O principal suspeito de envolvimento no esquema no Paraná é o empresário Hissan Hussein Dehaine, conhecido como Saddam, que foi preso em Araucária (região metropolitana de Curitiba) ontem pela manhã. Ele é suspeito de participar das licitações fraudadas da Funasa fornecendo aeronaves para o atendimento de saúde em Roraima. A reportagem não conseguiu localizar um advogado dele.
Em Manaus (AM) foram presos dois empresários, Antônio Picão Neto e Geraldo Luiz Picão, sócios da empresa de táxi aéreo Amazonave.
O advogado dos empresários, José Alberto Simonetti, disse que só comentaria as prisões após ter acesso às acusações. Ontem, após sair da sala de depoimento, Picão agrediu uma repórter-fotográfica que teve hematomas e arranhões no rosto.


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