São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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São Paulo

Kassab pode superar a vitória de Serra em 2004

Prefeito tem 60% dos votos válidos contra 40% de Marta; candidato pode ter acréscimo de 1,66 mi de votos sobre resultado do 1º turno

Nos votos totais, democrata tem 54%, contra 36% da petista; a diferença não se alterou, em comparação com Datafolha anterior


RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO

Gilberto Kassab (DEM), 48, deve se tornar hoje o primeiro prefeito reeleito da história moderna de São Paulo, aponta pesquisa Datafolha concluída ontem.
Com 60% das intenções de votos válidos, 20 pontos percentuais a mais do que Marta Suplicy (PT), que tem 40%, o democrata alcança a perspectiva de obter vitória superior à de José Serra (PSDB), que em 2004 derrotou Marta com 54,9% dos votos válidos (exceto brancos e nulos).
Kassab também tende a receber votação 1,66 milhão superior que a do primeiro turno -26 pontos percentuais a mais.
Marta alcançaria, pela pesquisa, sete pontos a mais (cerca de 450 mil votos "extras"). A diferença entre os dois não se alterou em relação à pesquisa anterior, feita terça e quarta.
Se considerados os votos totais, o prefeito soma 54%, contra 36% da petista. Indecisos são apenas 4%.
A pesquisa mostra que Kassab herdou, no segundo turno, a maioria dos votos que, no dia 5, haviam sido dados aos principais candidatos derrotados -76% do eleitorado de Geraldo Alckmin (PSDB), 68% do de Paulo Maluf (PP) e 43% do de Soninha Francine (PPS). Com isso, largou com uma dianteira, em relação a Marta, que nunca foi inferior a 18 pontos percentuais de votos válidos.
Na pesquisa, o instituto ouviu 5.086 pessoas entre sexta-feira e ontem, com margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Debate
Entre a pesquisa de quarta e a de ontem, foi realizado o último debate entre os candidatos, na TV Globo, sexta à noite. Dos eleitores que assistiram ao confronto, 52% disseram que Kassab venceu, contra 30% que consideraram melhor o desempenho de Marta.
Kassab assumiu a prefeitura às 17h37 de 31 em março de 2006, após 15 meses de gestão de Serra, que renunciou ao cargo para iniciar a vitoriosa campanha ao governo do Estado.
Como prefeito, o democrata deu continuidade à administração tucana e iniciou a atual disputa em terceiro, com apenas 13% das intenções de voto, atrás de Marta e de Alckmin, que se lançou contra a vontade da ala de seu partido ligada ao governador Serra.
Kassab conseguiu, na pré-campanha, fechar acordo com o PMDB de Orestes Quércia, o que lhe assegurou o maior tempo de TV e rádio no horário eleitoral e a possibilidade -amparada por uma propaganda considerada muito eficiente até pelos adversários- de crescer continuamente.
Do início do horário eleitoral, no final de agosto, até a abertura das urnas, no dia 5, Kassab atropelou Alckmin e desbancou Marta, encerrando o primeiro turno na frente -33,6% contra 32,8%.
A petista iniciou a segunda etapa com uma estratégia de associar Kassab a Celso Pitta (1997-2000), de quem o democrata foi secretário de Planejamento. No dia 12, entrou no ar o polêmico comercial em que se questionava o passado político de Kassab e sua vida pessoal: "É casado, tem filhos?"
Diante da repercussão, Marta defendeu a propaganda, afirmando que não havia ali insinuações sobre homossexualismo e que a interpretação da imprensa havia sido absurda. Mas em um dos debates, ensaiou um mea-culpa: "Sinto que tenha molestado o candidato".
A pesquisa Datafolha mostra que, em relação às regiões de São Paulo, Marta só vence nos extremos leste e sul. O prefeito alcança suas maiores intenções de voto entre os eleitores com curso superior (75%) e renda familiar mensal maior do que dez salários mínimos (79%). Marta se sai melhor entre os com renda de até dois salários mínimos (51%).
A possibilidade de reeleição começou a vigorar no Brasil em 1998. De lá para cá, Pitta não tentou novo mandato, em 2000, e Marta não conseguiu se reeleger, em 2004.


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