São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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RECIFE
Anúncio da equipe foi adiado duas vezes; ao menos cinco convidados teriam recusado; comissão nega motivo político
Petista já teve 5 recusas para secretariado

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O prefeito eleito de Recife, João Paulo (PT), tem tido dificuldades para montar seu secretariado. O anúncio da equipe já foi adiado duas vezes, e ao menos cinco pessoas recusaram convites para o primeiro escalão da prefeitura.
Dos 14 secretários, apenas cinco foram confirmados até agora. Apesar de não haver sinais de divisão nos partidos que apóiam João Paulo, um dos nomes escolhidos, o de Edla Soares (Secretaria da Educação), provoca mal-estar em setores do PT.
Historicamente ligada ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), de quem foi secretária, ela é rejeitada pelos sindicatos dos professores, que esperavam a indicação de um integrante das entidades para o cargo.
Outro nome que causa polêmica no PT é o do deputado estadual João Braga (sem partido). A crise interna foi evitada porque o ex-tucano e também ex-secretário de Jarbas Vasconcelos recusou.
Braga, no entanto, permanece como um dos cinco integrantes da comissão de transição do PT. Desse grupo, João Paulo retirou outros três nomes para compor o seu futuro secretariado.
O primeiro foi o da economista Tânia Bacelar. Unanimidade na aliança, é a estrela da equipe. Secretária estadual no governo de Miguel Arraes (PSB), ocupará a pasta do Planejamento, Gestão Urbana e Meio Ambiente.
O segundo nome é o do psiquiatra, ex-deputado estadual, ex-deputado federal e vereador mais votado este ano, Humberto Costa (PT). Com bom trânsito em todas as correntes da oposição, será o secretário municipal da Saúde.
O terceiro integrante da comissão escolhido é João Costa, assessor de João Paulo na Assembléia. Ele foi secretário do Planejamento do município de Cabo de Santo Agostinho, administrado pelo PPS. Será o secretário do Orçamento Participativo.
O quinto confirmado é Múcio Magalhães, que será secretário de Governo. Ele preside o diretório municipal do PT em Recife e é da ala radical, que comanda facções que poderiam contestar tentativas de João Paulo de aglutinar partidos aliados na prefeitura.
Magalhães acha "normal" a demora do prefeito eleito em definir a equipe. "Não vamos fazer as coisas afobados", disse. "Temos tempo e faremos tudo da forma mais democrática possível", declarou.
Ele afirmou que todas as recusas aos convites foram por "questões pessoais, e não políticas".
Para ele, um dos motivos para a recusa a cargos é o salário, considerado "baixo". Um secretário municipal recebe cerca de R$ 6 mil brutos por mês.


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