São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Nenhum dos cinco seguranças suspeitos de matar sem-terra foi reconhecido como sendo o assassino
Testemunhas não reconhecem suspeito

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Três integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), testemunhas do assassinato do sem-terra Sebastião de Maia, 38, na última terça-feira em Querência do Norte (noroeste do PR), não reconheceram o assassino entre os cinco seguranças que foram presos pela Polícia Civil do Paraná.
O reconhecimento dos suspeitos foi feito na sexta-feira em Loanda (noroeste do PR) por três sem-terra, testemunhas do crime, cujas identidades estão sendo mantidas em sigilo, por medida de segurança.
O reconhecimento foi feito sob o comando do delegado-chefe da Polícia Civil em Paranavaí, Luiz Norberto Canhoto.
O delegado federal Waldemar Moreno Júnior e uma representante do Ministério Público do Paraná acompanharam o reconhecimento.
Canhoto disse que os cinco presos não serão liberados antes do resultado do exame de balística, que deve sair até a próxima quarta-feira.
"Eles (os suspeitos) estão à disposição da Justiça, mas seria interessante que ficassem presos até o resultado do exame de balística", afirmou.
O advogado dos seguranças, José Paulo Pereira Gomes, disse que irá pedir a libertação dos cinco, sob fiança, na próxima segunda-feira.
Os seguranças foram presos na terça-feira, a menos de um quilômetro da fazenda Água da Prata, onde Maia foi morto.
Com os cinco seguranças, foram apreendidas três escopetas calibre 12 e dois revólveres calibre 38.
O bóia-fria José Luiz Carneiro, que está desaparecido desde terça-feira, passou a figurar como um dos suspeitos pela morte do sem-terra, depois de um depoimento dado por seu filho, José Wagner Carneiro, 27, à Polícia Civil de Paranavaí.
Carneiro registrou o desaparecimento de seu pai anteontem à Polícia Civil em Paranavaí.
Durante o depoimento, ele disse que seu pai havia sido contratado para trabalhar como cerqueiro (construtor de cercas) na fazenda Água da Prata, mas que na verdade estaria trabalhando como segurança.
Canhoto disse que a hipótese de Carneiro ter fugido não pode ser descartada.
"Na segunda-feira, vamos fazer uma varredura na fazenda Água da Prata. Isso pode afastar a teoria de desaparecimento."

Informantes
A Agência Folha apurou que dois depoimentos mantidos em sigilo estão ajudando na busca dos responsáveis pela morte do coordenador do MST em Querência do Norte.
Já seria conhecida pela polícia a identidade da pessoa que contratou os seguranças. Seu nome não estaria sendo divulgado para não atrapalhar as investigações.


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