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OUTRO LADO
ACM diz que benefícios ocorriam porque sua fundação era "coisa do Estado, mesmo" e que caso é irrelevante
Senador afirma que "não precisava pagar"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
não nega que sua fundação tenha
usado as instalações de um banco
estadual sem pagar aluguel.
Na verdade, acredita que "não
precisava pagar". Segundo ele,
sua fundação "é coisa do Estado
mesmo, praticamente".
Hospedado no Maksoud Plaza,
em São Paulo, o senador irritou-se ao tratar do caso. "Não vou discutir isso por telefone", disse.
ACM também afirmou que tinha "na mão" denúncias contra o
senador Jader Barbalho (PMDB-PA), seu inimigo político que quer
ocupar a presidência do Senado a
partir de 2001. Mas fez a ressalva
de que não se tratava de barganha. Leia a seguir a entrevista do
presidente do Senado.
Folha - A Folha localizou no STJ
uma ação de indenização movida
pelo Desenbanco contra dirigentes
que emprestaram recursos para a
Fundação Bahiana para Estudos
Econômicos e Sociais, que o senhor
fundou e presidiu.
Antonio Carlos Magalhães - Sim.
Folha - Esse caso também trata de
despesas pagas a Rubens Gallerani, um ex-assessor seu no Ministério das Comunicações.
ACM - Assessor no ministério,
não. Isso aí é de quando ele era representante da Bahia (em Brasília). Era um negócio de peça de
balé, não sei o quê.
Folha - Isso. O senhor conhece esse caso.
ACM - Conheço, sim.
Folha - E qual é a avaliação sobre
essa ação?
ACM - É uma coisa inteiramente
ignóbil. E por causa disso dois
(ex) diretores moveram ação
(contra o Desenbanco) e ganharam no Tribunal da Bahia. Eu não
deixei que eles pegassem o dinheiro. Eles não trabalharam para
ganhar R$ 2 milhões.
Folha - E o dinheiro que foi para a
fundação?
ACM - O da fundação estava todo
legal e também já ganhou na Justiça.
Folha - Mas a Justiça da Bahia
nem sequer examinou o mérito da
ação. Considerou que o Desenbanco deveria ter realizado assembléia
de acionistas antes de mover a
ação. Entendimento absolutamente diverso do que o STJ deu à mesma questão. Vai ser julgado pela
primeira vez o mérito no STJ.
ACM - Eu desconheço inteiramente.
Folha - Esse andamento mais recente é de um ano para cá. Esse caso foi entregue ao ministro Aldir
Passarinho Júnior e ele vai levar a
julgamento na Quarta Turma.
ACM - Você sabe qual é o pensamento dele?
Folha - Não, não sei.
ACM - Para você ver como eu
acho isso tão irrelevante. Eu nunca tratei desse assunto no STJ.
Folha - Mas trataria como?
ACM - Perguntar como está, como não está, ué. Nem vou dar importância a isso.
Folha - Não vai dar importância?
ACM - Nenhuma.
Folha - Mas senador, a sua fundação ocupava um andar na sede do
Desenbanco.
ACM - Por autorização do governo do Estado e do Desenbanco.
Folha - Mas a fundação não pagava aluguel.
ACM - Não precisava pagar. É
coisa do Estado mesmo, praticamente.
Folha - Como é coisa do Estado?
Era uma entidade privada?
ACM - Não senhor. Não vou discutir com você no telefone uma
coisa dessa.
Folha - Por que não?
ACM - Porque não quero.
Folha - O senhor pode não querer,
mas o jornal vai publicar a informação.
ACM - Pode publicar o que quiser, como tem publicado outras
coisas. Aí eu faço uma carta e desminto você no jornal.
Folha - Mas o senhor não pode
desmentir os fatos.
ACM - Você espere o julgamento
do ministro. Deixe de ser apressado. Mas você está apressado a serviço de quem?
Folha - Eu sou pago por uma empresa jornalística.
ACM - Meu amigo, você divulgue
o que você quiser. Faça como você
quiser. Eu não tenho que conversar com você pelo telefone. Por
que eu vou dar a você essa importância, de conversar por telefone?
Folha - Mas se o senhor conhece o
processo, não entendo porque o senhor não se dispõe a esclarecer logo.
ACM - Meu amigo, não vou conversar mais com você sobre esse
assunto. Se você quiser conversar
comigo segunda-feira, estou às
suas ordens. Se você achar que deve esperar, espere. Você manda,
rapaz. Nós estamos numa fase em
que quem manda é (o senador)
Jader Barbalho (risos).
Folha - O senhor acha?
ACM - Eu acho que vocês não
têm a reação com Jader Barbalho
que deveriam ter. Você acha que
ele é sério?
Folha - Eu não tenho que achar
nada, senador.
ACM - Você tem uma porção de
fatos na mão sobre Jader e não
quer tratar. Quer tratar disso (o
caso do Desenbanco). Eu quero
tratar das duas coisas.
Folha - Onde é que estão?
ACM - Estão na mão do Fernando Mesquita (assessor de imprensa de ACM) e na minha. É só você
fazer.
Folha - Senador, aqui não se trata
de barganha, de dossiê de um contra outro.
ACM - Aí você me respeite.
Folha - Senador, não vou entrar
nisso.
ACM - Me respeite (sic). Quem
faz barganha não sou eu. É outra
pessoa que você conhece.
Folha - Estou tratando de uma
questão de sua alçada.
ACM - Você me dá licença que eu
não vou mais conversar?
Folha - Pois não.
ACM - Boa tarde.
Folha - Boa tarde.
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