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JANIO DE FREITAS
Uma novidade (?)
Repassar um a um os diferentes jornais acumulados
para recuperar a necessária noção de processo dos fatos é uma
tarefa tão entediante que quase
dá vontade de renunciar à única ambição saudável, naturalmente além da salarial, no jornalismo -as férias. Mas desta
vez, conquanto as pilhas não
reunissem jornais senão de 13
dias, a experiência foi nova:
aqui não houve os tais 13 dias.
Ainda no aeroporto, os olhos
procuram o jornal com a novidade política ou econômica (a
salvação do Flamengo e o rebaixamento do Botafogo foram sabidos e igualmente festejados já
no exterior) e lá está: José Dirceu
deve ser o chefe do gabinete Civil, Palocci deve ser o ministro
do Planejamento e Mercadante
deve ficar no Senado. FMI elogia o Brasil, quer dizer, o governo Fernando Henrique, e o aumento dos juros. Lula viaja para
tal lugar e depois vai a tal outro.
Estive fora mesmo? Mas essas
primeiras páginas já eram essas
quando suponho haver saído. E
quando saí ou imaginei estar
saindo, já não sabia se estava
naquele dia ou semanas atrás.
Só me salvava por então descobrir que a linha mais importante de uma primeira página pode
ser esta humilde, desprezada e
salvadora linha: a da data.
Talvez seja isso: um Brasil insossamente tranquilo é uma novidade que está além do jornalismo à brasileira.
Em todo caso, parabéns, leitor,
pela paciência com que nos suporta, como se a merecêssemos.
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