São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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JANIO DE FREITAS

Uma novidade (?)

Repassar um a um os diferentes jornais acumulados para recuperar a necessária noção de processo dos fatos é uma tarefa tão entediante que quase dá vontade de renunciar à única ambição saudável, naturalmente além da salarial, no jornalismo -as férias. Mas desta vez, conquanto as pilhas não reunissem jornais senão de 13 dias, a experiência foi nova: aqui não houve os tais 13 dias.
Ainda no aeroporto, os olhos procuram o jornal com a novidade política ou econômica (a salvação do Flamengo e o rebaixamento do Botafogo foram sabidos e igualmente festejados já no exterior) e lá está: José Dirceu deve ser o chefe do gabinete Civil, Palocci deve ser o ministro do Planejamento e Mercadante deve ficar no Senado. FMI elogia o Brasil, quer dizer, o governo Fernando Henrique, e o aumento dos juros. Lula viaja para tal lugar e depois vai a tal outro.
Estive fora mesmo? Mas essas primeiras páginas já eram essas quando suponho haver saído. E quando saí ou imaginei estar saindo, já não sabia se estava naquele dia ou semanas atrás. Só me salvava por então descobrir que a linha mais importante de uma primeira página pode ser esta humilde, desprezada e salvadora linha: a da data.
Talvez seja isso: um Brasil insossamente tranquilo é uma novidade que está além do jornalismo à brasileira.
Em todo caso, parabéns, leitor, pela paciência com que nos suporta, como se a merecêssemos.


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