São Paulo, terça-feira, 26 de novembro de 2002

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NO AR

Dramas

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Da Globo, ontem:
- A Delegacia de Investigações não pára de receber ligações de mães de crianças desaparecidas. Pessoas que vivem dramas como o de dona Francisca, cuja filha foi levada da maternidade um dia antes de Roberta, irmã de Pedrinho, ser registrada por Vilma Martins.
Tão cedo a TV não vai encontrar um "drama" como os de Pedrinho e Suzane.
Está tentando. Gustavo, um "universitário", matou num "bairro de classe média" depois de "ter consumido drogas", anunciou a mesma Globo. Mas não é a mesma coisa, nem com as lágrimas de Gustavo no Jornal Nacional.
Não é a violência, o crime, que atrai a audiência para Pedrinho e Suzane. São os personagens e as tramas em que todos se envolveram.
Violência e lágrimas são cotidianas nos programas policialescos do início da noite, por vezes atingindo "classe média". Mas os casos não têm como parar no "Mais Você".
Ana Maria Braga entrevistou os pais de Pedrinho. Foi um drama como nenhum "reality show" pode reproduzir. A mãe olha para a câmera:
- Não se sinta pressionado. Eu te amei e te amo de maneira incondicional. Da forma que você quiser, eu estarei pronta a aceitar.
Ela não havia se encontrado ainda com o filho. Encontrou não muito depois -e a câmera da Globo registrou o abraço emocionado.
Isso enquanto um apresentador de programa popular de Goiás, que foi com Pedrinho ao encontro, dizia que o jovem só estava ali para "pedir uma trégua à imprensa". Estaria preocupado com a saúde de sua mãe adotiva, Vilma Martins, afetada pela cobertura.
Não existe violência que se aproxime -em drama.
 
A política cotidiana segue o seu ritmo pós-eleição, feito de imagens, não ações.
Lula se encontrou com os sete tucanos eleitos para os governos estaduais e tudo não passou de "gesto simbólico", no dizer de Franklin Martins.
É como assistir a uma negociação contratual. Os sete dão a entender que apóiam o petista, mas falam sempre em dívidas, "ressarcimento" etc.
E Lula garante que não vai tratar tucanos de modo diferente de petistas, mas também não promete coisa nenhuma. E assim vão os telejornais.
Vale dizer que, dos sete, o Bom Dia Brasil destacou Geraldo Alckmin para a sua entrevista -e não Aécio Neves.
 
Enquanto isso, FHC usa Artur da Távola para dizer à TV que Lula é um "intuitivo" e que seria bom se José Dirceu, "pessoa de conhecimento e ação", virasse chefe da Casa Civil.
Ser trocado por Lula não fez bem a FHC.


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