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NO AR
Dramas
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Da Globo, ontem:
- A Delegacia de Investigações não pára de receber ligações de mães de crianças desaparecidas. Pessoas que vivem dramas como o de dona Francisca,
cuja filha foi levada da maternidade um dia antes de Roberta,
irmã de Pedrinho, ser registrada
por Vilma Martins.
Tão cedo a TV não vai encontrar um "drama" como os de Pedrinho e Suzane.
Está tentando. Gustavo, um
"universitário", matou num
"bairro de classe média" depois
de "ter consumido drogas",
anunciou a mesma Globo. Mas
não é a mesma coisa, nem com
as lágrimas de Gustavo no Jornal Nacional.
Não é a violência, o crime, que
atrai a audiência para Pedrinho
e Suzane. São os personagens e
as tramas em que todos se envolveram.
Violência e lágrimas são cotidianas nos programas policialescos do início da noite, por vezes
atingindo "classe média". Mas
os casos não têm como parar no
"Mais Você".
Ana Maria Braga entrevistou
os pais de Pedrinho. Foi um drama como nenhum "reality
show" pode reproduzir. A mãe
olha para a câmera:
- Não se sinta pressionado.
Eu te amei e te amo de maneira
incondicional. Da forma que você quiser, eu estarei pronta a
aceitar.
Ela não havia se encontrado
ainda com o filho. Encontrou
não muito depois -e a câmera
da Globo registrou o abraço
emocionado.
Isso enquanto um apresentador de programa popular de
Goiás, que foi com Pedrinho ao
encontro, dizia que o jovem só
estava ali para "pedir uma trégua à imprensa". Estaria preocupado com a saúde de sua mãe
adotiva, Vilma Martins, afetada
pela cobertura.
Não existe violência que se
aproxime -em drama.
A política cotidiana segue o
seu ritmo pós-eleição, feito de
imagens, não ações.
Lula se encontrou com os sete
tucanos eleitos para os governos
estaduais e tudo não passou de
"gesto simbólico", no dizer de
Franklin Martins.
É como assistir a uma negociação contratual. Os sete dão a entender que apóiam o petista,
mas falam sempre em dívidas,
"ressarcimento" etc.
E Lula garante que não vai
tratar tucanos de modo diferente de petistas, mas também não
promete coisa nenhuma. E assim
vão os telejornais.
Vale dizer que, dos sete, o Bom
Dia Brasil destacou Geraldo
Alckmin para a sua entrevista
-e não Aécio Neves.
Enquanto isso, FHC usa Artur
da Távola para dizer à TV que
Lula é um "intuitivo" e que seria
bom se José Dirceu, "pessoa de
conhecimento e ação", virasse
chefe da Casa Civil.
Ser trocado por Lula não fez
bem a FHC.
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