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Reforma segue obra de FHC, diz PSDB
DA REPORTAGEM LOCAL
A reforma da Previdência do
governo Luiz Inácio Lula da Silva,
em votação no Congresso Nacional, é uma continuação da feita no
governo Fernando Henrique Cardoso, mas sem respeitar direitos
adquiridos do servidor público.
A avaliação foi feita ontem em
debate que reuniu ex-participantes do governo FHC num seminário promovido pelo Instituto Sergio Motta, centro de estudos presidido pelo economista Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Geraldo Biasoto, assessor da
campanha derrotada de José Serra à Presidência e ex-secretário de
Gestão Econômica do Ministério
da Saúde, afirmou que a proposta
de reforma de Lula é "o maior desastre". "Jogou fora todo o ordenamento jurídico dos direitos adquiridos que vinha sendo respeitado até agora", disse.
Segundo Biasoto, a reforma de
FHC havia modificado a relação
dos cidadãos com a Previdência.
"A idéia não é mais a de que são
assaltantes do Estado, mas contribuintes do sistema."
Marcelo Estevão de Moraes, ex-secretário Nacional de Previdência Social, declarou que há um
"elemento de continuidade na
Previdência muito forte" em relação ao governo FHC. "Na continuidade da equipe e na formulação da proposta de reforma. Tanto é que que trechos de textos da
equipe anterior do ministério são
usados na exposição de motivos
do projeto do governo", afirmou.
"O surpreendente é menos a
continuidade e mais o esforço de
tentar disfarçar essa continuidade", declarou Estevão de Moraes.
Segundo o ex-secretário, o PT
abandonou o papel de contrapressão às reformas, em especial
do setor público, que exerceu no
governo passado, e assumiu em
seu projeto da Previdência a "prevalência do enfoque contábil em
razão da emergência fiscal".
O ex-ministro da Previdência
Social José Cechin afirmou que a
reforma é positiva, porque estabelece o teto dos benefícios do
funcionalismo, o subteto para os
Estados e muda o cálculo do valor
da aposentadoria para a média
dos vencimentos.
Cechin criticou a elevação do teto máximo para o pagamento de
benefícios do sistema privado de
R$ 1.869,34 para R$ 2.400. "É uma
medida sem critério atuarial. Aumenta a arrecadação nos dois primeiros anos com a cobrança de
contribuição maior, mas a longo
prazo criará mais déficit no sistema", avaliou. O ex-ministro defendeu o caráter redistributivo da
Previdência. "Os benefícios tiram
18 milhões de brasileiros da linha
da pobreza", declarou.
Edward Amadeo, ex-ministro
do Trabalho de FHC e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, afirmou que
a Previdência é uma questão de
distribuição de renda, mas tem
um componente fiscal forte porque o país usa o equivalente a 12%
do PIB (Produto Interno Bruto)
para financiá-la.
"Corro o risco de ser politicamente incorreto, mas a Previdência Social é muito generosa, dado
o salário médio do mercado",
afirmou Amadeo.
Segundo ele, a intenção de distribuir renda por meio da Previdência, como quer o governo, é
um erro, porque retira recursos
de programas como o Bolsa-Escola, que beneficiam os mais jovens, que teriam maior contribuição social a dar. "Não dá para ter
as duas coisas. Transferência de
renda para pessoas mais idosas
reduz políticas sociais para crianças e jovens", declarou Amadeo.
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