São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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Clésio Andrade será alvo de nova investigação em MG

Suspeitas agora aparecem nos negócios de suas empresas com o Banco Rural

Denunciado no valerioduto tucano, presidente da CNT é apontado pela Procuradoria como um dos "profissionais" na lavagem de dinheiro

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Denunciado no valerioduto tucano, Clésio Andrade, presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transportes), será alvo de nova investigação em Minas Gerais para apurar as suspeitas de "promiscuidade" nos negócios de suas empresas com o Banco Rural, que envolveriam empréstimos fraudulentos e lavagem de dinheiro.
Ao lado dos publicitários Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, da SMP&B, ele é apontado na denúncia do procurador-geral da República como um dos "profissionais do ramo de lavagem".
A peça acusatória oferecida na semana passada descreve os "esquemas criminosos" que permitiam, sob a aparência de operações lícitas, desviar recursos públicos para a campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB) e de seu vice, Clésio Andrade (PL), em 1998.
Segundo essa peça, Clésio "ofereceu os serviços delituosos de sua estrutura empresarial para a prática dos crimes de peculato [apropriação ou desvio de recursos públicos], bem como de lavagem de capitais". Ele é acusado de garantir empréstimos fraudulentos tomados por Marcos Valério e seus sócios no Banco Rural e de receber, pelo menos, R$ 325 mil a título de contrapartida.
O sistema funcionava em três frentes: desvio de recursos públicos do governo de Minas ou de estatais mineiras; repasse de verbas de empresas privadas que mantinham negócios com o governo mineiro (empreiteiras e bancos), e "utilização dos serviços profissionais e remunerados de lavagem" de Clésio e dos três publicitários.

Instituto
A denúncia registra que um cheque de R$ 133 mil foi emitido em favor do Instituto João Alfredo de Andrade. Trata-se de instituição de ensino superior, mantida por Clésio, com sede Juatuba (MG), cidade natal do presidente da CNT. Outros valores foram repassados para um diretor da CNT.
Em agosto de 2004, a Folha revelou que o Ministério Público Federal iniciara investigação para apurar a suspeita de lavagem de dinheiro por meio do Instituto João Alfredo de Andrade e do Idaq (Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transportes), vinculado à CNT.
Em 27 de julho de 2004, o juiz federal Jorge Macedo Costa determinara a quebra de sigilo bancário dos dois institutos. O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) fora avisado de que o instituto de Juatuba havia feito operações de cerca de R$ 12 milhões, valores elevados para o padrão de movimentação financeira da instituição. A quebra do sigilo também foi motivada por documentos apreendidos em investigação da Polícia Federal e do MPF contra doleiros em todo o país.
Em 2005, a Folha revelou que o Idaq usou o mesmo esquema arquitetado por Marcos Valério para abastecer o mensalão petista: o publicitário transferia de sua conta no Banco Rural em Belo Horizonte para agência em Brasília, fornecendo lista de beneficiários.
Em depoimento à PF, José Francisco de Almeida Rego, ex-tesoureiro do Rural em Brasília, revelou como eram feitas as transações. Pelo mesmo esquema, entre janeiro e maio de 2004 foram recolhidos, na mesma agência do Rural, R$ 7,9 milhões, em espécie, por uma funcionária do Idaq.

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