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Conselheiro emprega, sem concurso, parentes no TCE
Desconhecidos pelos funcionários do órgão, três filhas e um genro de Eduardo Bittencourt Carvalho recebem salário e vários benefícios desde a década de 90
Marcos Böttcher, chefe-de- gabinete de Bittencourt, diz que não sabe se os quatro familiares trabalham de fato no Tribunal de Contas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo há quase 17 anos,
Eduardo Bittencourt Carvalho,
65, mantém três filhas e um
genro como funcionários nomeados em seu gabinete.
Nem Bittencourt nem um
funcionário dele nem o próprio
tribunal confirmam se os quatro parentes efetivamente trabalham no órgão. Os respectivos salários também são mantidos em sigilo -apesar de as informações serem públicas.
"Eu não sei [se trabalham no
gabinete]", diz o chefe-de-gabinete de Bittencourt, Marcos
Renato Böttcher.
Vice-presidente do TCE, Bittencourt foi indicado para o
cargo pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB) no início
de 1991. Ainda nos anos 90, ele
contratou, sem concurso, as filhas Cláudia, Carolina e Camila
e o genro Adriano Mantesso.
Os salários dos funcionários
estão entre os mais altos do Estado. O conselheiro tem remuneração mensal de pelo menos
R$ 30 mil. O salário inicial de
agente de fiscalização é R$
5.335,87. Já um auditor ganha o
mesmo que um juiz de primeira instância, cerca de R$ 18 mil.
Desconhecidos pelos funcionários do TCE, as três filhas e o
genro de Bittencourt são citados com freqüência em diferentes edições do "Diário Oficial". Há diversos registros de
nomeações, promoções, férias
e licenças-prêmios.
De 1994 até hoje, Cláudia Bittencourt Mastrobuono, nome
de casada, é a filha mais citada
no jornal editado pelo governo
do Estado. Há informes sobre
promoções, licenças-prêmios
de 90 dias e recebimento de
dois qüinqüênios como adicionais por tempo de serviço -o
que representa um aumento de
5% da remuneração a cada período de cinco anos.
Ignorada pelos funcionários
do TCE, a segunda filha do vice-presidente, Carolina Bittencourt Roman, teve, segundo o
"Diário Oficial", licença-maternidade em 2002, férias em
2003, reajuste salarial e licença-prêmio de 90 dias em 2004 e
outros reajustes, além de mais
uma licença-maternidade de
120 dias, em 2005 e em 2006.
A terceira filha, Camila, é a
menos citada. Entre 2003 e
2006, teve apenas duas promoções registradas.
Em compensação, o marido
dela, Adriano Mantesso, também consta no "Diário Oficial"
como funcionário nomeado
por Bittencourt, que o colocou
à disposição do gabinete dele.
O genro do conselheiro já foi
nomeado "agente de segurança
de fiscalização" e "assessor técnico", cargo que ocupa até hoje.
Antes de assumir o cargo no
Tribunal de Contas, Bittencourt foi deputado estadual pelo PTB (1983-1986) e pelo PL
(1987-1990). Hoje, ele é ainda
conselheiro vitalício do Sport
Club Corinthians Paulista.
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