São Paulo, segunda-feira, 26 de novembro de 2007

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Conselheiro emprega, sem concurso, parentes no TCE

Desconhecidos pelos funcionários do órgão, três filhas e um genro de Eduardo Bittencourt Carvalho recebem salário e vários benefícios desde a década de 90

Marcos Böttcher, chefe-de- gabinete de Bittencourt, diz que não sabe se os quatro familiares trabalham de fato no Tribunal de Contas

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo há quase 17 anos, Eduardo Bittencourt Carvalho, 65, mantém três filhas e um genro como funcionários nomeados em seu gabinete.
Nem Bittencourt nem um funcionário dele nem o próprio tribunal confirmam se os quatro parentes efetivamente trabalham no órgão. Os respectivos salários também são mantidos em sigilo -apesar de as informações serem públicas.
"Eu não sei [se trabalham no gabinete]", diz o chefe-de-gabinete de Bittencourt, Marcos Renato Böttcher.
Vice-presidente do TCE, Bittencourt foi indicado para o cargo pelo ex-governador Orestes Quércia (PMDB) no início de 1991. Ainda nos anos 90, ele contratou, sem concurso, as filhas Cláudia, Carolina e Camila e o genro Adriano Mantesso.
Os salários dos funcionários estão entre os mais altos do Estado. O conselheiro tem remuneração mensal de pelo menos R$ 30 mil. O salário inicial de agente de fiscalização é R$ 5.335,87. Já um auditor ganha o mesmo que um juiz de primeira instância, cerca de R$ 18 mil.
Desconhecidos pelos funcionários do TCE, as três filhas e o genro de Bittencourt são citados com freqüência em diferentes edições do "Diário Oficial". Há diversos registros de nomeações, promoções, férias e licenças-prêmios.
De 1994 até hoje, Cláudia Bittencourt Mastrobuono, nome de casada, é a filha mais citada no jornal editado pelo governo do Estado. Há informes sobre promoções, licenças-prêmios de 90 dias e recebimento de dois qüinqüênios como adicionais por tempo de serviço -o que representa um aumento de 5% da remuneração a cada período de cinco anos.
Ignorada pelos funcionários do TCE, a segunda filha do vice-presidente, Carolina Bittencourt Roman, teve, segundo o "Diário Oficial", licença-maternidade em 2002, férias em 2003, reajuste salarial e licença-prêmio de 90 dias em 2004 e outros reajustes, além de mais uma licença-maternidade de 120 dias, em 2005 e em 2006.
A terceira filha, Camila, é a menos citada. Entre 2003 e 2006, teve apenas duas promoções registradas.
Em compensação, o marido dela, Adriano Mantesso, também consta no "Diário Oficial" como funcionário nomeado por Bittencourt, que o colocou à disposição do gabinete dele.
O genro do conselheiro já foi nomeado "agente de segurança de fiscalização" e "assessor técnico", cargo que ocupa até hoje.
Antes de assumir o cargo no Tribunal de Contas, Bittencourt foi deputado estadual pelo PTB (1983-1986) e pelo PL (1987-1990). Hoje, ele é ainda conselheiro vitalício do Sport Club Corinthians Paulista.


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