São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Abin afirma que ajuda à PF na Satiagraha custou R$ 381 mil

Valor foi divulgado após sindicalista afirmar que agência gastou R$ 800 mil no apoio

Novas revelações levaram o presidente da CPI dos Grampos a defender que Paulo Lacerda, diretor-geral afastado, seja indiciado

ALAN GRIPP
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) reconheceu ontem ter gasto R$ 381 mil na participação de seus agentes secretos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O valor se aproxima do custo oficial da investigação divulgado pela PF (R$ 466 mil), que em documento enviado ao Congresso classificou a operação como a mais cara de sua história.
O valor foi divulgado depois que o presidente da Asbin (Associação dos Servidores da Abin), Nery Kluwe, disse, em depoimento na CPI dos Grampos, ser "voz corrente" dentro da agência que os gastos atingiram R$ 800 mil.
As despesas admitidas pela Abin são maiores do que o valor divulgado pelo diretor do Departamento de Contra-Inteligência da agência, Paulo Maurício Fortunato Pinto. Em setembro, na mesma comissão, ele disse que a atuação tinha custado cerca de R$ 250 mil.
Após o depoimento, Kluwe disse à Folha que a estimativa se baseia em custos das atividades dos agentes, como o pagamento de diárias e passagens. Ele também revelou que a Abin incluiu o aluguel de carros utilizados em diligências, o que foi confirmado pela agência.
As novas revelações levaram o presidente da CPI, Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), a defender publicamente o indiciamento do diretor-geral afastado da Abin, Paulo Lacerda, por, segundo ele, mentir na comissão.
Depois de revelada a participação da Abin, Lacerda disse que a agência apoiou a Satiagraha apenas como uma cooperação informal. Hoje, sabe-se que mais de 80 agentes prestaram serviços à equipe do delegado Protógenes Queiroz. "Ele (Lacerda) disse inverdades e fizeram omissões na comissão."
Kluwe afirmou que Lacerda chegava a receber relatórios sobre a Satiagraha de um agente da Abin. Lacerda nega.
Apesar de deixar claro que considera ilegal a participação da Abin na Satiagraha, Kluwe dedicou boa parte do tempo a defender os agentes secretos. Ele refutou a participação deles na realização de grampos, porém reafirmou que agentes manipularam interceptações telefônicas e e-mails de investigados na operação.
A Abin informou que o gasto de R$ 381 mil foi comunicado à CPI e à Polícia Federal.


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