São Paulo, quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Batalha das togas

Em 2008, os juízes pretendem rediscutir os critérios políticos na composição dos tribunais superiores. Hoje, mais da metade das vagas do Superior Tribunal de Justiça são ocupadas por ministros oriundos da advocacia ou do Ministério Público, refletindo o desprestígio da magistratura e a articulação dos integrantes do Quinto Constitucional (20% das vagas são preenchidas por advogados e membros do MP). "Dentro em breve, chegaremos ao paradoxo de não termos magistrados de carreira nos tribunais superiores", diz Mozart Valadares, novo presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros. Para ele, o Conselho Nacional de Justiça, com participação da OAB e do Ministério Público, já permite controlar a administração dos tribunais e oxigenar o Poder Judiciário.

Saldo bancário 1. O Tribunal Regional Federal em São Paulo voltará a julgar em 2008 ex-gestores do Banespa envolvidos em outros empréstimos suspeitos durante o governo Orestes Quércia. Em 2007, vários ex-administradores foram condenados por gestão temerária. Ainda cabem recursos.

Saldo bancário 2. Os réus do Banespa foram condenados por crimes próximos da prescrição, quando não mais caberia punição. Como são vários processos, perde-se a dimensão do valor global dos prejuízos.

Facilitou. A grita contra a CPMF ofuscou avaliações de que o combate ao crime financeiro perde um instrumento útil. "As investigações podiam ser conduzidas com mais precisão e rapidez. Agora, será mais fácil sonegar outros tributos, especialmente o Imposto de Renda", diz o procurador da República Vladimir Aras, do caso Banestado.

Túnel do tempo. Declaração feita em 2002 pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, agora alçado a inimigo número um do governo por sua oposição ao imposto do cheque: "É o clima de um Brasil novo. Desejo a vitória do Lula no primeiro turno".

Mãos à obra. A Presidência da República contratou três empresas de engenharia, ao custo total de R$ 568 mil, para executar o projeto de reforma do Palácio do Planalto, feito por Oscar Niemeyer. O arquiteto receberá cerca de R$ 1 milhão.

Mudo. Disposto a mostrar que a TV pública "não é do governo, mas da sociedade", o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) radicalizou. Diz que não trata mais do assunto com a imprensa.

Evidência. Sempre pronto a tirar o sossego de Ideli Salvatti (PT-SC) com suas brincadeiras, Heráclito Fortes (DEM-PI) levou ao corregedor Romeu Tuma (PTB-SP) a foto do efusivo beijo de final de ano entre a colega e José Sarney (PMDB-PA). O senador argumenta que se trata de um caso claro de quebra de decoro parlamentar.

Modelo. A resistência ao nome de José Aníbal para a liderança da bancada de deputados do PSDB não é exclusiva de setores do partido. Integrantes da base aliada de Lula dizem que, caso ele seja confirmado no posto, terão de lidar com um novo Arthur Virgilio, desta vez na Câmara.

Combinado 1. Com o consentimento do ministro Carlos Lupi (Trabalho e Emprego), as direções nacional e paulista do PDT definiram janeiro como prazo final para que integrantes do partido deixem seus cargos na gestão Gilberto Kassab (DEM) em São Paulo. Os pedetistas controlam uma secretaria municipal e uma subprefeitura.

Combinado 2. Nos bastidores, porém, PDT, PSB e PC do B, negociam com Kassab uma aliança ou no mínimo um pacto de não-agressão na campanha do ano que vem. Uma candidatura do chamado "bloquinho", que reúne os três partidos, poderia tirar votos do PT, calculam aliados do prefeito paulistano.

Tiroteio

"O ministro que nos chama de "irresponsáveis" está pendurado em mais de cem processos no TCU e se dedica a negociar cargos no Dnit para engordar a base aliada."


Da senadora KÁTIA ABREU (DEM-TO) sobre o titular dos Transportes, Alfredo Nascimento, que criticou a oposição por derrubar a CPMF.

Contraponto

Tudo igual

Em 2001, realizava-se na beira do rio Iguaçu, divisa com Santa Catarina, a Feira Agropecuária de União da Vitória (PR). Várias lideranças locais foram chamadas a discursar no evento, marcado pela preocupação com a doença da "vaca louca". Airton Roveda, que havia sido prefeito e depois se elegido deputado federal, tomou a palavra:
-Além de agradecer a presença de vocês, quero lembrar que aqui na região não tem esse negócio de vaca estúpida!
Mais que depressa, um assessor soprou:
-É "louca", Airton, "louca"...
O parlamentar não se fez de rogado:
-Louca, estúpida, maluca... É tudo vaca doida mesmo!


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