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Juíza manda PT pagar publicitário petista
Fausto Ferraz ganhou direito de receber R$ 544 mil por serviços em campanha de 2002 em MT; partido pode recorrer
Segundo marqueteiro, pagamento foi suspenso com a queda de Delúbio; Diretório Nacional diz que dívida é do PT estadual
DA REPORTAGEM LOCAL
O publicitário petista Fausto
Ferraz, 41, ganhou na Justiça o
direito de receber do Partido
dos Trabalhadores R$ 544 mil
por serviços prestados e não
pagos durante a campanha eleitoral de 2002. A direção do PT
pode recorrer.
O publicitário cuidou da
campanha petista em Mato
Grosso, após indicação do então vice-presidente do PT mineiro, Romênio Pereira, hoje
secretário nacional de Organização do PT.
"Tínhamos candidaturas importantes como a da senadora
Serys Slhessarenko e a do deputado federal Carlos Augusto
Abicalil, mas a nossa prioridade
era a disputa presidencial", diz
Ferraz que, na mesma época, filiou-se ao partido.
Segundo o publicitário, o pagamento foi interrompido em
2005 com a queda do ex-tesoureiro Delúbio Soares, apontado
como um dos operadores do
mensalão. "Eu negociei o contrato de R$ 490 mil com Delúbio. Depois dessa história, não
foram pagos R$ 251 mil."
Em agosto deste ano, o STF
(Supremo Tribunal Federal)
abriu processo criminal para
apurar a suposta participação
de Delúbio e de outras 39 pessoas no mensalão, como ficou
conhecido o escândalo de compra de voto da base de apoio do
governo federal.
Decisão
Em novembro, a juíza Edleuza Zorgetti Monteiro da Silva,
da 5ª Vara Civil do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso, reconheceu o direito de Ferraz e
condenou o diretório estadual
a pagar R$ 544.389,64 -soma
do valor em atraso mais multa.
A decisão é de primeira instância e o PT pode recorrer.
Para o publicitário, a dívida é
do Diretório Nacional, que teria se comprometido a assumir
o pagamento mensal.
"Desde o início ficou acordado que o valor seria assumido
pelo PT Nacional. À época, Delúbio explicou que o PT de Mato Grosso não tinha nenhuma
condição de arcar com esse pagamento, pois tinha uma estrutura muito precária", diz.
Reportagens de três jornais
de Cuiabá, do dia 1º de agosto
de 2002, registram a contratação do publicitário. Numa delas, publicada em "A Gazeta", o
então membro da coordenação
de campanha estadual , Paulo
Xavier, que ainda integra o comando estadual do PT, diz que
"há garantia de que a Direção
Nacional irá arcar com todas as
despesas do trabalho do marqueteiro".
Cópias das reportagens foram anexadas ao processo.
"Não queria fazer barulho
para não prejudicar o PT. Tentei resolver internamente, procurei a comissão de ética do
partido, mas não consegui nada", afirma Ferraz.
O publicitário diz que, além
da campanha estadual, também durante a eleição de 2002,
ajudou na arrecadação de verbas para a campanha presidencial de Lula. "Quero mandar
um recado para Lula: é justo
um cara que te ajudou tanto durante a campanha passar por isso? Acontece uma coisa dessas
com Delúbio e eu fico sem receber? Eu sou o punido? Como
essas pessoas que nem pagam
uma dívida querem se perpetuar no poder?", indaga.
(LILIAN CHRISTOFOLETTI)
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