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Desempenho do governo na Câmara é o pior em seis anos
Apesar de ter maioria na Casa, só 41,5% das propostas do Executivo foram aprovadas
Henrique Fontana, líder do governo, discorda e diz que base "conseguiu votar
projetos importantes", como os referentes ao PAC e à crise
Sérgio Lima - 11.jun.08/Folha Imagem
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Deputados da oposição fazem protesto contra a aprovação da nova CPMF, batizada de CSS, no plenário da Câmara, em junho
MARIA CLARA CABRAL
LETÍCIA SANDER
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de contar com a
maioria dos deputados ao seu
lado, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não teve um ano
positivo na Câmara dos Deputados. Na comparação entre o
número de propostas enviadas
pelo Executivo com as aprovadas no mesmo ano, 2008 foi o
pior para o Executivo desde o
início do governo petista.
O desempenho só é comparável a 2005, ano do escândalo
do mensalão, em que o Congresso permaneceu praticamente paralisado.
Dados da secretaria-geral da
Câmara mostram que, das 94
propostas enviadas pelo Executivo à Casa em 2008, só 39 foram aprovadas pelo plenário
(ou pelas comissões, em caráter
conclusivo) -41,5% do total.
Esse índice é próximo ao verificado em 2005 (41,9%), mas
bem inferior ao de 2007 (52%).
Os projetos de autoria do governo começam a tramitar necessariamente pela Câmara. Só
depois são analisados pelo Senado. Dos 39 projetos de 2008
do Executivo que passaram pela Câmara, apenas 6 foram
aprovados posteriormente pelos senadores, em plenário.
Levando-se em conta também os projetos enviados em
anos anteriores pelo governo, o
Senado votou, no total, 27 projetos de autoria do Executivo.
Um deles, o que criou o Sistema
Nacional de Viação, estava em
discussão desde 2000.
O Senado também rejeitou
duas medidas provisórias -de
autoria exclusiva do Executivo- e considerou que outras
duas não cumpriam os pressupostos constitucionais de urgência e relevância, além de ter
devolvido a que dava isenção a
entidades filantrópicas acusadas de irregularidades.
Sobre a produção legislativa,
o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou: "Não foi o ano ideal, mas
foi o possível".
Base aliada
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), não concorda com
a avaliação de que o ano foi
ruim para o Executivo na Câmara, mas reconhece que os
deputados da base aliada poderiam ter feito mais. Ele cita o fato de a grande maioria dos projetos referentes ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), principal programa do
governo, ter sido aprovada, assim como as medidas de combate à crise. "Também conseguimos votar uma série de projetos importantes, como o das
micro e pequenas empresas, a
Lei Geral do Turismo e o projeto que instituiu a Lei Seca."
Líder do DEM, o deputado
Antônio Carlos Magalhães Neto (BA), alfineta: diz que o governo poderia ter sido melhor
sucedido se seus aliados estivessem mais mobilizados. "Tivemos responsabilidade e ficamos um bom tempo do ano discutindo medidas de combate à
crise. A oposição fez a sua parte,
a base que não fez a deles e não
conseguiu reunir votos para votar projetos de interesse de seu
próprio presidente."
Apesar da negativa dos governistas, de fato, alguns pontos defendidos pelo Executivo
ao longo do ano não conseguiram se concretizar, entre eles a
criação da nova CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), batizada de CSS (Contribuição Social
para a Saúde), e as reformas tributária e política. Na reta final
dos trabalhos, o governo ainda
sofreu uma derrota simbólica,
ao não conseguir obter quórum
para aprovar destaques à PEC
(proposta de emenda constitucional) que altera o rito das medidas provisórias.
O presidente Lula ainda foi
obrigado a recuar sobre a MP
que criava o Ministério da Pesca, após críticas dos congressistas sobre a ausência de urgência e relevância da proposta. O
presidente da Câmara e aliado
do Planalto, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), foi um dos principais
críticos ao envio da MP.
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