São Paulo, terça, 27 de janeiro de 1998.



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MÍDIA
Presidente diz ter sido preso em entrevista à CNN, TV paga norte-americana
Crise asiática não afetará a eleição de 98, afirma FHC

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em entrevista à rede de TV paga norte-americana CNN International que a crise na Ásia -que levou o governo a elevar juros e impostos- não vai afetar as eleições no Brasil.
"Não acredito que isso irá afetar diretamente as eleições", afirmou. O presidente disse que o eleitorado brasileiro tem maturidade suficiente para não se deixar influenciar por um episódio isolado. Disse estar numa posição "confortável". "Serei capaz de convencer o povo de que manter o caminho em que estamos é uma boa solução para o Brasil."
O presidente disse que a crise asiática já teve consequências no Brasil, mas que o governo agiu rápido. Ele afirmou que quer reduzir os juros o mais rapidamente possível, mas que isso vai depender da crise financeira da Ásia.
A entrevista durou pouco mais de 20 minutos e foi transmitida ao vivo para todo o mundo. Ela integra uma série de quatro programas sobre o país chamada "Brasil: um Gigante Acorda".
No início da entrevista, a CNN fez uma apresentação positiva do governo, dizendo que houve redução na inflação e aumento no consumo de eletrodomésticos e comida. Afirmou também que foram tomadas medidas para prevenir o país de ataques especulativos.
FHC cometeu erros. Usou "childrens" para se referir a "crianças". O correto é "children", já que o singular é "child".
Outro erro do presidente foi quando falou sobre a Copa do Mundo na França. Previu que o Brasil será o campeão e, logo em seguida, teve dificuldade para entender uma pergunta sobre qual seria o adversário na final.
O presidente disse que o mais provável é que o Brasil jogue a final contra a França, mas ressaltou que é preciso cuidado com os "vizinhos", citando Argentina e Uruguai -este não estará na Copa.
Ao responder pergunta de um telespectador de Portugal sobre tortura e perseguição política no Brasil, o presidente falou sobre sua experiência durante o regime militar.
"Eu mesmo fui exilado, estive na cadeia", disse. Após a entrevista, sua assessoria informou que FHC foi detido por 24 horas no início dos anos 70, sob acusação de subversão, e interrogado encapuzado por integrantes da Operação Bandeirantes, precursora do DOI-Codi de São Paulo. A assessoria informou que o presidente não se lembra da data desse episódio.



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