São Paulo, Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2000


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MORATÓRIA
Segundo governador, Minas aguarda R$ 2 bi do governo federal
Itamar diz não ter previsão de pagar a dívida externa

Zulmair Rocha/Folha Imagem
Ao lado de sua ajudante Kenia, Itamar deixa o Museu de Arte Contemporânea de Niterói


FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), disse ontem no Rio que não tem previsão de pagar a segunda parcela da dívida dos eurobônus (US$ 108 milhões) -que vence no dia 10 de fevereiro- porque não tem dinheiro para isso.
"Não há previsão no Orçamento. O Orçamento é uma peça de gestão, não de ficção. Se eu tivesse US$ 100 milhões, antes de pagar o eurobônus, eu ia pagar a Polícia Militar, a Polícia Civil, ia utilizar em obras sociais", afirmou.
Itamar disse que Minas não tem dinheiro porque não chegou a um acordo sobre o pagamento de uma dívida de R$ 2 bilhões do governo federal com o governo mineiro, resultante da recuperação de estradas federais no Estado. Segundo Itamar, o acordo está sendo negociado há seis meses.
"Se eu tivesse condições de dar aumento ao funcionalismo civil e militar, de avançar socialmente, se ainda sobrasse dinheiro, eu pagaria. Tanto que estou pagando o Bird e o BID", afirmou, para depois dizer que não pode raciocinar sobre o que faria caso recebesse do governo federal.
Afirmou, em tom de ironia, que, se alguém lhe emprestar US$ 100 milhões a juros baixos, paga a dívida. Disse também que o governo federal não é avalista da dívida mineira e não tem obrigações de pagá-la. "Se o governo federal quiser pagar, meus parabéns. A responsabilidade não é do governo federal. Mas o governo federal gosta de fazer média com o sistema financeiro, então, mais uma, menos uma...", afirmou.
O governador respondeu às críticas do ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) sobre sua decisão. "Esse cidadão pode entender de finanças partidárias, mas de finanças de Minas Gerais ele não entende nada", afirmou.
Itamar fez críticas à imprensa e disse desconfiar que o interesse pelos eurobônus se deva ao fato de terem sido negociados pelo banco Matrix, que teve o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações) como um de seus sócios.
"Não sei por que o interesse da imprensa sobre o problema dos eurobônus. Até imagino que o interesse deve ser porque eles foram negociados pelo banco Matrix. O dono dele, o senhor Luiz Carlos Mendonça, foi um homem muito importante, continua sendo importante no contexto da Presidência da República."
Em outro momento, voltou a criticar a imprensa, sem citar nenhum jornal: "Hoje eu vi um jornal dando muito destaque à segunda moratória de Minas. Que segunda moratória, se o próprio jornal reconhece que essa segunda moratória não tem nenhuma validade em relação ao mercado? Dedicar duas páginas para falar dessa segunda moratória?".
O porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, afirmou que os assuntos da dívida mineira são tratados pela Secretaria Nacional do Tesouro, e cabe ao órgão federal se pronunciar sobre o tema.


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