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NO GABINETE
José Alencar é acusado de tentar burlar concurso público no Rio
Procuradoria vai apurar se vice quis favorecer médico
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público Federal vai
investigar a eventual responsabilidade do gabinete da Vice-Presidência da República na tentativa
de favorecer a contratação de um
médico residente burlando classificação em concurso público.
Segundo reportagem exibida
anteontem pelo programa "Fantástico", da Rede Globo, um ofício
encaminhado pela Vice-Presidência ao Into (Instituto de Traumato-Ortopedia), no Rio de Janeiro, pede "especial atenção" para um médico residente em concurso aberto pelo órgão para vagas de médicos residentes.
O procedimento administrativo
foi instaurado ontem e tem a assinatura de seis procuradores que
atuam em Brasília. Os primeiros
ofícios requisitando informações
serão despachados hoje, com prazo de dez dias úteis para a apresentação das respostas.
"A reportagem [do Fantástico]
sugere uma tentativa de favorecimento. Precisamos investigar para saber, à luz da Constituição e da
Lei de Improbidade Administrativa, o que aconteceu e quem são
os responsáveis", afirmou o procurador Eduardo Pelella, um dos
que assina o procedimento.
Os pedidos de informação serão
encaminhados à direção do Fantástico, ao chefe-de-gabinete do
vice-presidente José Alencar,
Adriano Silva, e também ao próprio vice. O ofício destinado a
Alencar será intermediado pela
Procuradoria Geral da República,
pois os procuradores de primeira
instância não têm atribuição para
requisitar informações diretamente ao vice-presidente.
Conforme a reportagem, o advogado aposentado Geraldo Pereira do Valle enviou, em outubro
de 2003, uma carta para o advogado Ronaldo Dornellas de Assis Ribeiro, cunhado de Alencar e ex-funcionário da Vice-Presidência.
Valle pede ajuda para que o neto,
André do Vale Teves, consiga a
vaga de residente no Into, ligado
ao Ministério da Saúde.
O concurso teve 117 inscritos
para seis vagas. O neto do aposentado ficou na 70ª colocação e não
ingressou nos quadros do Into.
Em novembro, no ofício 1.895,
em papel timbrado da Vice-Presidência da República, o chefe-de-gabinete de Alencar solicita "a
gentileza de examinar com especial interesse o pleito em anexo",
referência à carta do aposentado
pedindo o benefício para o neto.
O diretor do Into, Sérgio Luís
Côrtes, disse ontem que é comum
receber pedidos de políticos. "Por
dia, recebemos de 10 a 15 pedidos
de atendimento. Criei uma resposta padrão, informando que
não há possibilidade de privilegiar alguém. Esse pedido, no entanto, foi sui generis", afirmou.
Ele não acredita que o vice-presidente conhecia o teor do pedido.
"O ofício veio assinado apenas pelo chefe-de-gabinete", afirmou.
Transplante
O MPF estuda a possibilidade
de abrir uma investigação sobre
uma suposta tentativa de Alencar
de interceder em favor de uma
paciente candidata a transplante
de medula óssea, revelada pelo
médico Daniel Tabak, que fez a
denúncia ao pedir demissão do
cargo de diretor do Cemo (Centro
de Transplante de Medula Óssea)
do Instituto Nacional do Câncer.
Colaborou a Sucursal do Rio
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