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ELEIÇÕES 2006/REGRA DO JOGO
Marco Aurélio de Mello, hoje no STF e que deve presidir o Tribunal Superior Eleitoral, acredita que decisão da Câmara será respeitada
Justiça não restringirá alianças, diz ministro
ANA CESALTINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Marco Aurélio de
Mello, que deve assumir a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, considera que o TSE será favorável à queda da verticalização
já nas eleições de outubro, conforme estabelece a proposta de
emenda constitucional aprovada
em primeiro turno pela Câmara.
"Como eu imagino o pensamento dos colegas em harmonia
com a ordem jurídica, eu confio
plenamente que se repetirá o que
fizemos em 1998, e não em 2002.
Seria respeitada a decisão da Câmara, com o reforço de que é a
vontade agora dos representantes
do povo e dos representantes do
Senado: não se pode engessar os
partidos", disse Marco Aurélio,
que também é ministro do STF
(Supremo Tribunal Federal).
Ele diz não acreditar que haja
julgamento de uma ação direta de
inconstitucionalidade, no Supremo, contra o fim da verticalização, antes que o TSE se manifeste
sobre a consulta apresentada ao
tribunal em outubro de 2005.
A ação direta de inconstitucionalidade poderá ser apresentada
por partido político, caso a emenda sobre o assunto venha a ser
aprovada em segundo turno.
Ontem, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) entrou com mandado de segurança no STF para
impedir a votação em segundo
turno na Câmara. Ele argumenta
que a proposta é inconstitucional
por impedir que eleitores tenham
conhecimento das regras de eleições um ano antes da disputa.
A inconstitucionalidade da medida também foi defendida pelo
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato.
Busato anunciou que a entidade
examinará, na próxima semana,
o ingresso de uma ação direta
de inconstitucionalidade contra
a matéria.
A verticalização foi instituída
em 2002 por meio de uma interpretação dada pelo TSE à Constituição. Devido a uma consulta
apresentada por Miro Teixeira,
o tribunal entendeu que o princípio de organização dos partidos
impedia que alianças feitas nos
Estados contrariassem as coligações nacionais.
Se o TSE voltar à interpretação
de 1998, de acordo com Marco
Aurélio, o questionamento sobre
a constitucionalidade da emenda
ficará ultrapassado porque "não
se pode assentar alteração no processo eleitoral se a lei já dispõe no
mesmo sentido". Mas o ministro
ressalta que é necessário aguardar
a abertura dos trabalhos do TSE e
a resposta à consulta.
Um ano antes
Já o ex-presidente do TSE Carlos Velloso, que se aposentou neste mês, considera que a quebra da
verticalização fere o princípio da
anualidade, segundo o qual mudanças na legislação eleitoral só
valem se forem feitas pelo menos
um ano antes das eleições.
Velloso menciona ainda que a
liberação de coligações divergentes nas três esferas fere o direito à
democracia. "A democracia se
realiza mediante a ação dos partidos. A constituição quer que os
partidos tenham caráter nacional.
Sendo assim, a verticalização deve
ser mantida porque impede a
promiscuidade entre os partidos.
A emenda está afrontando também um direito fundamental."
A Folha apurou que entre os 11
ministros do STF ainda não há
uma tendência sobre o julgamento do fim da verticalização. Isso se
deve a entendimentos divergentes
sobre a questão e, ainda, ao fato
de muitos estarem afastados -o
Judiciário está de férias até dia 31.
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