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FÓRUM SOCIAL MUNDIAL
Segundo homem de Cuba diz que petista é vítima dos EUA, que controlam os meios de comunicação e não admitem "operário na Presidência"
"Império" ataca Lula via mídia, diz cubano
RAFAEL CARIELlO
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS
O presidente da Assembléia Nacional de Cuba, Ricardo Alarcon,
disse ontem durante um debate
promovido pela Fundação Perseu
Abramo no 6º Fórum Social
Mundial, em Caracas, na Venezuela, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é vítima da imprensa e que os meios de comunicação são o mais poderoso instrumento do imperialismo norte-americano no mundo hoje.
Saudado com gritos de "Viva Fidel", o segundo homem de Cuba
afirmou que os Estados Unidos
não são mais todo-poderosos
nem na economia nem na área
militar -usou a crise de empresas automobilísticas norte-americanas e a ocupação do Iraque como argumentos-. No entanto,
disse que, "no plano da propaganda e da ideologia, são".
"Eles [os EUA] dominam os
meios de comunicação. Sabemos
os cubanos, sabem disso os venezuelanos e sabem os brasileiros. O
império não se conforma que um
metalúrgico se torne presidente."
Na opinião dele, a imprensa
combate os três presidentes (Fidel
Castro, Hugo Chávez e Lula) com
mentiras. "Temos sempre de enfrentar a distorção e a calúnia dos
que controlam os meios de comunicação", afirmou.
Entidades de defesa dos direitos
humanos e da liberdade de expressão criticam os limites impostos por Cuba à prática do jornalismo. Os Repórteres Sem Fronteiras, por exemplo, classificam o
país como "a maior prisão do
mundo para jornalistas".
Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT, que
também participava do debate sobre integração latino-americana
-um dos assuntos mais discutidos neste ano no fórum, na esteira
da onda de chefes de Estado esquerdistas na região-, também
tratou da imprensa em seu discurso, enumerando entre os erros
da esquerda a "pouca iniciativa
no sentido de combater o monopólio dos meios de comunicação,
que persistem em poucas mãos".
"Fuzil e voto"
Mais cedo em sua participação,
Pomar afirmou que "existe lugar
para a luta de massas, para o fuzil
e para o voto" na luta da esquerda.
"As três formas podem e devem
ser utilizadas", disse o petista.
Questionado pela Folha, o dirigente petista disse que as três
"formas de luta" são legítimas
"dependendo das condições históricas", e que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece a "rebelião dos povos" como legítima sob um regime ditatorial.
A questão militar fez parte também de outra manifestação, dessa
vez do almirante venezuelano
Luiz Cabrera Aguirre, também
convidado para o ciclo de debates.
De acordo com ele, é necessário
estimular em toda a América Latina "uma unidade cívico-militar",
ou seja, "que o povo trabalhe unido com as forças armadas" e que
receba treinamento, como, segundo ele, já acontece na Venezuela. "Nosso povo já não é um
espectador da atividade militar,
mas sim participante ativo."
O objetivo, segundo disse, é
"defender-se de qualquer tipo de
ataque de alguma potência estrangeira". Questionado se os Estados Unidos eram o inimigo ao
qual ele se referia, afirmou que
sim, "em particular".
"Se nos integrarmos, seremos
invencíveis. E se qualquer potência, qualquer imperialismo que
queira invadir e se meter com um
só, que entenda que meter-se com
um é meter-se com todos", concluiu Cabrera Aguirre.
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