São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Executivo descarta "susto" eleitoral neste ano

DO ENVIADO ESPECIAL

Do alto dos US$ 5 bilhões que é o valor de mercado da Braskem, a petroquímica da qual é executivo-chefe, José Carlos Grubisich desafia a sabedoria convencional, que prevê uma disputa eleitoral sem grandes diferenças entre os principais candidatos, para dizer que "as eleições vão levar a uma escolha importante, a um importante debate sobre o modelo brasileiro".
Grubisich acredita que o candidato do PSDB, seja José Serra ou Geraldo Alckmin, representará o modelo "eficiência na gestão", que na sua opinião, caracteriza a imagem tanto do prefeito paulistano como do governador de São Paulo.
Já Luiz Inácio Lula da Silva, presumivelmente o candidato do PT ("forte", segundo o empresário), faria o "discurso social", condenado que estaria a defender, no seu segundo mandato, "o resgate da hipoteca social que não entregou no primeiro mandato".
Mesmo no PMDB, se o escolhido for o governador Germano Rigotto (RS), a marca seria idêntica à do PSDB: eficiência na gestão.
Em conseqüência, Grubisich acha que "o mercado não terá o mesmo susto de 2002", a campanha eleitoral anterior, em que houve forte aposta contra Lula, no pressuposto de que ele adotaria políticas contrárias às que o mercado deseja, hipótese que se revelou absolutamente falsa.
Diferenças entre os candidatos à parte, Grubisich vê uma semelhança entre todos eles, talvez mais desejo do que realidade: qualquer que seja o eleito terá que buscar um "crescimento mais espetacular".
Em momento algum da conversa com um grupo de três jornalistas brasileiros, ontem em Davos, o executivo-chefe da Braskem (3.300 funcionários) revelou preferência por um ou outro candidato, por um ou outro modelo, ao contrário de 2002, em que a grande maioria do empresariado ainda tinha receios profundos em relação ao PT.
A análise de Grubisich é, no entanto, uma exceção absoluta entre seus colegas, brasileiros ou estrangeiros, que participam do encontro anual 2006 do Fórum Econômico Mundial. A eleição brasileira ainda não entrou no radar.
O que talvez se explique pela baixa expectativa de mudanças em função do resultado eleitoral. Um almoço para discutir a situação de Brasil e México mostrou que, nas cinco mesas em que se dividiram os comensais, a análise foi a mesma, assim resumida por Enrique García, presidente da CAF (Corporação Andina de Fomento):
"As eleições não produzirão mudanças substanciais".
Reforçou David Abney, presidente da UPS International, a maior empresa de distribuição de encomendas do planeta, presente em 200 países, Brasil inclusive:
"As eleições presidenciais [tanto no Brasil como no México] provavelmente não produzirão mudanças dramáticas. Algumas mudanças talvez, mas não significativas". (CR)


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