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Procuradoria tenta retomar Castelo de Areia
Subprocuradora-geral pede que ministro do STJ reconsidere suspensão e afirma que não há ilegalidade na operação
Ministério Público Federal diz que decisão de Asfor Rocha se baseou em dados "insuficientes" passados por defesa da Camargo Corrêa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Procuradoria-Geral da República recorreu ontem da decisão do presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Cesar Asfor Rocha, que
determinou, há menos de duas
semanas, a suspensão de todos
os processos e inquéritos derivados da Operação Castelo de
Areia, da Polícia Federal, que
investiga supostos crimes financeiros da construtora Camargo Corrêa.
A subprocuradora-geral da
República Elizeta Ramos pediu
ao ministro que reconsidere a
decisão, alegando que não há
ilegalidade nem nas denúncias
anônimas nem nas quebras de
sigilo bancário e interceptações
telefônicas que fazem parte da
investigação da Polícia Federal.
Segundo o Ministério Público Federal, a decisão de Asfor
Rocha foi tomada "em virtude
de informações insuficientes
que o levaram a proferir decisão sem o pleno conhecimento
dos fatos".
Em sua decisão, de 14 de janeiro, o magistrado acolheu os
argumentos do advogado da
Camargo Corrêa, Celso Vilardi.
Segundo ele, a investigação
começou ilegalmente, exatamente com a quebra de sigilos
telefônicos a partir de uma denúncia anônima. Elizeta Ramos também pede que, caso
Asfor Rocha não reconsidere
sua decisão, que ele a encaminhe à 6ª Turma do tribunal para que o colegiado julgue o caso
o mais rápido possível.
Por conta da suspensão, foram congelados 19 inquéritos
da PF e as 32 representações a
outros órgãos investigativos
feitas pela procuradora Karen
Kahn, responsável do Ministério Público pelo caso.
O inquérito da Castelo de
Areia corre na 6ª Vara Federal
Criminal de São Paulo, comandada pelo juiz federal Fausto
De Sanctis. Esse foi o terceiro
grande caso sob sua responsabilidade a ser suspenso.
A atitude de Asfor Rocha irritou os procuradores que cuidam do caso. Em nota divulgada no dia seguinte à decisão, o
Ministério Público Federal de
São Paulo lamentou a decisão
de Asfor Rocha.
No texto, o Ministério Público Federal de São Paulo afirmava que "as informações da defesa foram-lhe produzidas de forma distorcida e enganosa, na
incessante busca de impedir investigação e processamento de
fatos gravíssimos, que envolvem grupos empresariais de
grande poderio econômico, a
prática contumaz do desvio de
verbas públicas e a estreita e
suspeita relação com autoridades públicas".
(FELIPE SELIGMAN)
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