São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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Polícia prende 7 do MST por destruição de laranjal em SP

Outros 2 foram presos por porte ilegal de arma; Operação Laranja investiga invasão há 3 meses

Segundo a polícia, ainda há 13 foragidos suspeitos de destruir fazenda da Cutrale e furtar objetos do local; movimento nega acusações

Polícia Militar/ Divulgação
Vista aérea da fazenda que teve parte destruída pelos sem-terra

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Mais de três meses após a invasão e depredação de uma fazenda da empresa Cutrale no interior de São Paulo, a Polícia Civil desencadeou ontem a Operação Laranja, com o objetivo de cumprir 20 mandados de prisão de pessoas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
As prisões ocorreram na região de Iaras e Bauru (noroeste de SP). Ontem foram cumpridas sete ordens de prisão, mas outras duas pessoas que não estavam na lista foram presas por porte ilegal de armas, levando a nove o total de detidos. Ao final do dia, ainda havia 13 foragidos.
Segundo a polícia, os presos são suspeitos de envolvimento com a invasão e depredação de uma fazenda da Cutrale em Iaras, ocorrida entre setembro e outubro do ano passado.
Entre os detidos estão o ex-prefeito de Iaras e presidente municipal do PT, Edilson Granjeiro Xavier, a vereadora da cidade Rosimeire Pan D'Arco de Almeida Serpa (PT) e o marido dela, Miguel da Luz Serpa, que é da direção estadual do MST. Segundo a polícia, os três lideraram a invasão.
Durante a ação na fazenda da Cutrale, imagens feitas pela polícia mostraram um integrante do MST passando com um trator por cima de vários pés de laranja. A Cutrale disse que teve prejuízos de R$ 1,2 milhão com os danos causados pela invasão.
A fazenda foi invadida por cerca de 250 famílias ligadas ao MST no dia 27 de setembro e desocupada no dia 7 de outubro, após decisão judicial de reintegração de posse.
Após os integrantes do movimento deixarem a área, foi encontrado no local um cenário de destruição. Funcionários da fazenda relataram que suas casas tiveram objetos furtados. O MST negou as acusações.
O delegado seccional de Bauru, Benedito Antônio Valencise, disse que as investigações "não deixam dúvidas de que o movimento é muito bem organizado". As apurações, segundo ele, foram baseadas em reconhecimentos, depoimentos e coletas de provas feitas por meio de diligências. Participaram da operação 150 policiais.

Acusação
Os 20 suspeitos, segundo a polícia, responderão por furto qualificado, dano qualificado, esbulho possessório (retirada violenta de um bem alheio) e formação de quadrilha.
O delegado disse que na casa da vereadora -que mora dentro de um assentamento- foi apreendido um revólver com munição. Ela e o marido não apresentaram porte de arma.
De acordo com o promotor da comarca de Lençóis Paulista (301 km de SP) Henrique Ribeiro Varonez, o inquérito policial ainda não foi concluído e as prisões temporárias (cinco dias) foram decretadas para que os suspeitos não atrapalhassem o curso da apuração.
Foram cumpridos também mandados de busca e apreensão para computadores, celulares, agrotóxicos e fertilizantes nos assentamentos. A polícia vai apurar se os defensivos e fertilizantes foram roubados durante a invasão da Cutrale.
Os computadores e celulares foram pegos para a "coleta de provas", segundo a polícia.
Em nota, o MST disse que foram "apreendidos pertences pessoais de muitos militantes e exigidas notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins".


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