São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Siglas tentam "camuflar" doadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os diretórios nacionais e paulistas do PT e do PSDB receberam em doações de pessoas jurídicas R$ 44,7 milhões entre 2002 e 2004. Desse valor, R$ 24,5 milhões foram para os petistas e R$ 20,2 milhões, para os tucanos. Parte desse dinheiro foi destinada a campanhas eleitorais, como doações eleitorais indiretas. Na prestação de contas dos candidatos, o verdadeiro doador é omitido.
O método da Justiça Eleitoral de divulgação das atividades partidárias mantém o eleitor distante das listas de doadores dos caixas partidários. As listas dos contribuintes das campanhas eleitorais podem ser localizados no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na internet, mas as doações partidárias existem apenas em papel, nos arquivos do TSE e dos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais).

"Doador oculto"
Há um ano e meio, a Folha revelou que empresas e partidos têm usado as doações partidárias para ocultar doações de campanha.
O esquema é assim: o doador dá dinheiro ao partido, que logo depois o repassa à campanha. Na prestação de contas da campanha eleitoral, aparece apenas o repasse do diretório, quando o dinheiro, na verdade, veio de um empresário ou de um banqueiro.
Os partidos usam uma brecha da legislação. Isso serve para mascarar uma doação, por exemplo, de um fornecedor da gestão de um candidato à reeleição. Também assegura ao doador o sigilo no apoio financeiro ao político de sua preferência.
Depois das reportagens, o TSE chegou a prometer, extra-oficialmente, que colocaria também na internet as listas dos doadores partidários. Mas nada aconteceu.
"A doação é feita para o partido e transferida para um determinado candidato. A lei permite. As poucas doações que recebemos foram desse caráter, é rara uma doação para a manutenção do partido. Quase asseguro que as doações foram feitas para candidatos via partido. A tesouraria administra praticamente o fundo partidário e a arrecadação dos filiados", afirmou o tesoureiro nacional do PSDB, o deputado federal João Almeida (BA).
Segundo levantamento feito pela Folha nos processos de prestação de contas dos partidos, o esquema da doação indireta ocorreu nas eleições municipais de 2004 em pelo menos uma candidatura, a de Marta Suplicy (PT-SP), então candidata à reeleição na Prefeitura de São Paulo.
Pelo menos R$ 1,5 milhão repassado pela empresa de aviação civil Embraer e pela coletora de lixo Qualix aos diretórios do PT foram depositados no mesmo dia ou no dia seguinte na conta do comitê financeiro da candidata. (RV e MS)


Texto Anterior: Doação de bancos a PT cresceu cerca de 1.000% desde 2002
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.