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DIPLOMACIA
Em sua primeira viagem oficial a Londres, presidente se nega a usar "white tie" para banquete no Palácio de Buckingham
Lula veta traje de gala em jantar com a rainha
FÁBIO VICTOR
DE LONDRES
Convidado pela rainha Elizabeth 2ª para sua primeira visita
oficial ao Reino Unido, de 7 a 9 de
março, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, como ocorre com os
principais chefes de Estado estrangeiros, será recebido num
banquete de gala no palácio de
Buckingham. Mas, contrariando
o protocolo, se negou a vestir o
"white tie", o formalíssimo traje
recomendado pela realeza nessas
ocasiões -fraque ou casaca, no
caso dos homens, ornamentados
com medalhas e condecorações.
A delegação brasileira foi liberada para vestir terno e gravata na
recepção, para 150 convidados.
O traje é apenas um dos muitos
pormenores que têm dado trabalho às diplomacias brasileira e britânica para finalizar o programa
da viagem, que até agora, a poucos dias da chegada de Lula, ainda
não foi divulgado. O Itamaraty
promete fazê-lo nesta semana.
O Palácio do Planalto cortou atividades programadas originalmente, como a ida de Lula à Universidade de Oxford, onde funciona o movimentado Centro de
Estudos Brasileiros. Coincidência
ou não, o ambiente é muito associado ao ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso -foi durante
sua visita oficial ao país, em 1997,
que o centro foi inaugurado, e ele
já discursou lá em pelo menos
duas ocasiões nos últimos anos,
uma delas no mês passado.
O governo britânico, ávido por
se distanciar da imagem antiga e
conservadora imposta a essas recepções pela monarquia, queria
que Lula visitasse um centro de
nanotecnologia. O Planalto a
princípio disse que não, e essa era
até há pouco uma das questões
em aberto da agenda.
É certo que a comitiva terá uma
reunião bilateral com os representantes do governo Tony Blair.
Além de uma conversa reservada
com o primeiro-ministro, o presidente deve dar (e receber) atenção
especial ao ministro das Finanças,
Gordon Brown, provável sucessor
de Blair e que já divide parte do
poder central com o premiê.
No Parlamento, Lula deve se encontrar com o líder da oposição, o
conservador David Cameron.
Logo após chegarem à cidade,
Lula e a primeira-dama, Marisa
Letícia, desfilarão de carruagem
pelo "Mall", a avenida que leva ao
palácio de Buckingham, onde ficarão hospedados. O caminho já
está decorado com bandeiras do
Brasil e do Reino Unido.
Tropicália
Outras certezas para o petista
em seus três dias em Londres: o
jantar no Guildhall, sede corporativa da área administrativa da City
(coração financeiro da capital), a
participação num seminário de
negócios com empresários dos
dois países, uma visita a uma exposição sobre a Tropicália no centro cultural Barbican e um almoço
na residência oficial do embaixador José Maurício Bustani.
Pode ser que o presidente vá ao
local onde será construída a Vila
Olímpica dos Jogos de 2012, uma
área que passa por um bem-sucedido projeto de revitalização na
zona leste de Londres.
A última visita de um chefe de
Estado brasileiro ao Reino Unido
foi justamente a de FHC em 1997.
Na época, ele e sua delegação vestiram "white tie" para o jantar de
gala com a rainha. Depois disso, o
príncipe Charles, primeiro na linha de sucessão ao trono, visitou
o Brasil em março de 2002.
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