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Crise entre estatal e servidores tem origem política e financeira
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O confronto entre a direção
da estatal Furnas Centrais Elétricas e seus funcionários e
aposentados, em torno do fundo de pensão Real Grandeza,
tem explicação política, financeira e institucional.
A vertente política é a pressão do PMDB para destituir o
presidente e o diretor de investimentos do fundo. Embora negue participação, o deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é
identificado por sindicatos e
associações dos aposentados
como o principal interessado
na troca dos dirigentes.
A explicação financeira está
no trauma sofrido pelos 12.500
associados do Real Grandeza,
com o prejuízo de R$ 153 milhões deixado pela gestão anterior à atual, em 2004, em razão
dos maus investimentos em títulos do Banco Santos, liquidado pelo Banco Central. A Secretaria de Previdência Complementar, que fiscaliza os fundos
de pensão, puniu os gestores da
época por ultrapassarem os limites admitidos para aplicações em ativos de alto risco.
A vertente institucional levou ao agravamento da crise, a
ponto de ter havido a intervenção do presidente Lula. Segundo conselheiros do Real Grandeza, Furnas atropelou o estatuto e o regimento do fundo de
pensão, e deu munição aos empregados para questionarem a
intenção da empresa.
A disputa pelo controle do
fundo começou em 2007,
quando o então presidente de
Furnas, Luiz Paulo Conde
(PMDB), enviou ao conselho
deliberativo a proposta de troca
do presidente e do diretor de
investimentos da entidade. A
proposta foi rejeitada.
Ontem, os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, ambos do
PMDB, negaram que o partido
queira trocar a direção do fundo. Após conversarem, o presidente Lula e o ministro Edison
Lobão (Minas e Energia) concordaram, conforme a Folha
apurou, que o adiamento da decisão foi a melhor alternativa
em razão dos protestos e porque Lula acha que os motivos
para as trocas são "confusos".
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