São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Crise entre estatal e servidores tem origem política e financeira

DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O confronto entre a direção da estatal Furnas Centrais Elétricas e seus funcionários e aposentados, em torno do fundo de pensão Real Grandeza, tem explicação política, financeira e institucional.
A vertente política é a pressão do PMDB para destituir o presidente e o diretor de investimentos do fundo. Embora negue participação, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é identificado por sindicatos e associações dos aposentados como o principal interessado na troca dos dirigentes.
A explicação financeira está no trauma sofrido pelos 12.500 associados do Real Grandeza, com o prejuízo de R$ 153 milhões deixado pela gestão anterior à atual, em 2004, em razão dos maus investimentos em títulos do Banco Santos, liquidado pelo Banco Central. A Secretaria de Previdência Complementar, que fiscaliza os fundos de pensão, puniu os gestores da época por ultrapassarem os limites admitidos para aplicações em ativos de alto risco.
A vertente institucional levou ao agravamento da crise, a ponto de ter havido a intervenção do presidente Lula. Segundo conselheiros do Real Grandeza, Furnas atropelou o estatuto e o regimento do fundo de pensão, e deu munição aos empregados para questionarem a intenção da empresa.
A disputa pelo controle do fundo começou em 2007, quando o então presidente de Furnas, Luiz Paulo Conde (PMDB), enviou ao conselho deliberativo a proposta de troca do presidente e do diretor de investimentos da entidade. A proposta foi rejeitada.
Ontem, os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, ambos do PMDB, negaram que o partido queira trocar a direção do fundo. Após conversarem, o presidente Lula e o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) concordaram, conforme a Folha apurou, que o adiamento da decisão foi a melhor alternativa em razão dos protestos e porque Lula acha que os motivos para as trocas são "confusos".


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