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Deputado da meia renuncia e evita cassação
Ex-presidente da Câmara do DF, Leonardo Prudente (sem partido) deixa cargo após abertura de processo contra ele
Pedido de impeachment de Arruda foi aprovado ontem em comissão; parecer deve ainda ser referendado pela maioria do plenário da Casa
FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Leonardo Prudente (sem partido), filmado
colocando dinheiro nas meias,
renunciou ontem ao cargo, um
dia após a Câmara do DF abrir
processo de quebra de decoro
contra o parlamentar. Assim,
ele escapou de perder os direitos políticos por cinco anos.
Prudente disse que renunciou para "não atrapalhar as investigações". O texto deve ser
lido na próxima terça-feira.
Na carta de renúncia, o deputado criticou a imprensa e o sistema eleitoral brasileiro. "Os
vídeos repetidamente apresentados são maldosos, visam confundir o telespectador e liquidar meu mandato."
O ex-presidente da Câmara
do DF -que, pressionado, deixou o comando da Casa após as
denúncias do mensalão do
DEM- é acusado de ter recebido propina em troca de apoio
ao governo de José Roberto Arruda (sem partido), preso há
mais de duas semanas.
Prudente diz que o dinheiro
que recebeu do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa,
era doação não contabilizada
de campanha. Em seu lugar assume Raad Massouh (DEM),
outro aliado de Arruda.
"Fui vítima de um modelo
autofágico do sistema eleitoral,
no qual prevalece a hipocrisia.
Os candidatos muitas vezes
deixam de declarar o recebimento de recurso a pedido do
próprio doador", afirmou.
Horas antes de renunciar,
Prudente enviou 10.000 cartas
aos "amigos". No texto, ele afirma que errou e pede desculpas.
A assessoria dele não confirma
se as cartas foram enviadas
com o dinheiro da cota parlamentar para correspondência.
A renúncia ocorreu um dia
após a Câmara abrir processo
contra os três deputados filmados recebendo dinheiro do delator do esquema. Além de Prudente, estão ameaçados de perder o cargo o deputado Júnior
Brunelli (PSC), que protagonizou uma oração após encontrar
Barbosa, e Eurides Brito
(PMDB), filmada colocando dinheiro na bolsa. Eurides diz
que não vai renunciar. Brunelli
não comenta o caso.
Impeachment
Ontem, o relator do processo
de impeachment contra Arruda, deputado Chico Leite (PT),
pediu sua cassação. O parecer
inicial classificou o governador
preso de "chefe de um esquema
de corrupção que prejudicará
gerações". Arruda nega as acusações. Nessa fase, a comissão
especial do impeachment analisa apenas se há indícios para a
abertura de investigação.
O relatório foi aprovado por
unanimidade. O processo, porém, ainda terá uma longa tramitação. O parecer de Leite deve ainda ser referendado pela
maioria do plenário da Câmara.
Depois, Arruda terá 20 dias para se defender, e o relator mais
dez dias para fazer o texto final.
Caso a comissão do impeachment aprove o documento, o
plenário tem que referendar de
novo a decisão. Antes disso, Arruda pode renunciar sem perder os direitos políticos.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer encaminhado ontem ao STF (Supremo
Tribunal Federal), manifestou-se pela continuidade da prisão
preventiva de Arruda.
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