São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Deputado da meia renuncia e evita cassação

Ex-presidente da Câmara do DF, Leonardo Prudente (sem partido) deixa cargo após abertura de processo contra ele

Pedido de impeachment de Arruda foi aprovado ontem em comissão; parecer deve ainda ser referendado pela maioria do plenário da Casa


FILIPE COUTINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Leonardo Prudente (sem partido), filmado colocando dinheiro nas meias, renunciou ontem ao cargo, um dia após a Câmara do DF abrir processo de quebra de decoro contra o parlamentar. Assim, ele escapou de perder os direitos políticos por cinco anos.
Prudente disse que renunciou para "não atrapalhar as investigações". O texto deve ser lido na próxima terça-feira.
Na carta de renúncia, o deputado criticou a imprensa e o sistema eleitoral brasileiro. "Os vídeos repetidamente apresentados são maldosos, visam confundir o telespectador e liquidar meu mandato."
O ex-presidente da Câmara do DF -que, pressionado, deixou o comando da Casa após as denúncias do mensalão do DEM- é acusado de ter recebido propina em troca de apoio ao governo de José Roberto Arruda (sem partido), preso há mais de duas semanas.
Prudente diz que o dinheiro que recebeu do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa, era doação não contabilizada de campanha. Em seu lugar assume Raad Massouh (DEM), outro aliado de Arruda.
"Fui vítima de um modelo autofágico do sistema eleitoral, no qual prevalece a hipocrisia. Os candidatos muitas vezes deixam de declarar o recebimento de recurso a pedido do próprio doador", afirmou.
Horas antes de renunciar, Prudente enviou 10.000 cartas aos "amigos". No texto, ele afirma que errou e pede desculpas. A assessoria dele não confirma se as cartas foram enviadas com o dinheiro da cota parlamentar para correspondência.
A renúncia ocorreu um dia após a Câmara abrir processo contra os três deputados filmados recebendo dinheiro do delator do esquema. Além de Prudente, estão ameaçados de perder o cargo o deputado Júnior Brunelli (PSC), que protagonizou uma oração após encontrar Barbosa, e Eurides Brito (PMDB), filmada colocando dinheiro na bolsa. Eurides diz que não vai renunciar. Brunelli não comenta o caso.

Impeachment
Ontem, o relator do processo de impeachment contra Arruda, deputado Chico Leite (PT), pediu sua cassação. O parecer inicial classificou o governador preso de "chefe de um esquema de corrupção que prejudicará gerações". Arruda nega as acusações. Nessa fase, a comissão especial do impeachment analisa apenas se há indícios para a abertura de investigação.
O relatório foi aprovado por unanimidade. O processo, porém, ainda terá uma longa tramitação. O parecer de Leite deve ainda ser referendado pela maioria do plenário da Câmara. Depois, Arruda terá 20 dias para se defender, e o relator mais dez dias para fazer o texto final.
Caso a comissão do impeachment aprove o documento, o plenário tem que referendar de novo a decisão. Antes disso, Arruda pode renunciar sem perder os direitos políticos.
A Procuradoria-Geral da República, em parecer encaminhado ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal), manifestou-se pela continuidade da prisão preventiva de Arruda.


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