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ROMBO
Débito era de R$ 153 bilhões no início do mandato do presidente, em 95
Dívida pública dobra com
FHC e chega a R$ 306 bi
GUSTAVO PATÚ
da Sucursal de Brasília
A dívida pública dobrou em apenas três anos da gestão Fernando
Henrique Cardoso, conforme
mostram os resultados das contas
públicas até 97 divulgados ontem.
Em 1º de janeiro de 95, primeiro
dia do mandato de FHC, União,
Estados, municípios e estatais,
juntos, deviam R$ 153,163 bilhões
em valores da época, segundo cálculo publicado pelo Banco Central
em 96.
Após três anos consecutivos de
déficit público, a dívida fechou 97
em R$ 306,494 bilhões.
O mais problemático na dívida
pública brasileira não é seu tamanho, mas sim seu ritmo de crescimento nos últimos anos.
Na comparação com o tamanho
da economia, a dívida é relativamente pequena em termos internacionais. O débito total, hoje,
equivale a 34,3% do PIB (Produto
Interno Bruto, a soma dos bens e
serviços produzidos no país).
Mesmo na história recente do
país, a dívida já foi proporcionalmente maior, na comparação com
a economia: em 1992, por exemplo, a dívida de US$ 246 bilhões
equivalia a 38,2% do PIB. A questão é que, na época, vivia-se uma
recessão e os valores do PIB eram
bem inferiores aos atuais.
Explosão
Vários fatores explicam a explosão da dívida no governo FHC. O
primeiro deles é a alta dos juros
promovida em 95 para evitar uma
fuga de investidores estrangeiros
do país após o colapso da economia mexicana.
Mas, desde então, o governo,
mesmo com melhoras na arrecadação de impostos, tem falhado
sistematicamente em suas promessas de retomar o controle das
contas a partir de mais disciplina
nos gastos.
Os Estados, cuja situação já era
grave no início do governo FHC,
continuaram tomando novos empréstimos a juros cada vez mais altos. A União acabou decidindo assumir as dívidas estaduais, em troca de compromissos dos governadores de mais austeridade.
Embora a federalização das dívidas nem esteja concluída, os Estados já começaram a descumprir
seus compromissos. O Rio Grande
do Sul está fazendo uma nova dívida, contrariando o acertado com a
União -e quem está emprestando o dinheiro é o BNDES, o banco
de fomento federal.
O governo engordou sua dívida
ao socorrer, além dos Estados,
uma série de setores da economia,
caso de bancos públicos, bancos
privados e agricultores de todos os
portes.
A dívida federal cresce também
em função da acumulação de dólares pelo Banco Central, necessária para manter o Plano Real.
Mesmo com o pacote fiscal lançado no final do ano passado, é
certo que a dívida pública crescerá
mais neste ano. Os aumentos de
impostos e tarifas promovidos
servirão -espera-se- apenas para atenuar esse crescimento.
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