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CASO SILVEIRINHA
Relatório aponta retirada de R$ 468 mil por um dos indiciados
Fiscal fez saque após Justiça
ordenar bloqueio, afirma TCE
FERNANDA DA ESCÓSSIA
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O fiscal de renda Carlos Eduardo Pereira Ramos sacou R$ 468
mil de um fundo de investimentos no BankBoston no Rio no dia
17 de janeiro -dois dias depois
da decisão judicial que bloqueou
seus bens e valores.
Um outro saque, de R$ 500 mil,
foi feito por Ramos no dia 15 de
janeiro. No mesmo dia, o juiz da
3ª Vara Criminal da Justiça Federal no Rio, Lafredo Lisboa, determinou o bloqueio dos bens de Ramos, quebrando também seus sigilos bancário e fiscal.
As informações constam de relatório sobre a movimentação
bancária de fiscais do Rio elaborado por técnicos do TCE (Tribunal
de Contas do Estado) que atuam
como assessores da CPI do "Propinoduto". A comissão foi criada
na Assembléia Legislativa para
apurar suposto esquema de corrupção na Fazenda estadual.
Ao todo, são investigados cinco
fiscais estaduais e seis auditores
federais no Rio, que teriam enviado ilegalmente para contas na
Suíça US$ 33,4 milhões. Ramos
teria o maior depósito, de US$ 18
milhões. O suposto esquema seria
comandado por Rodrigo Silveirinha Corrêa, ex-subsecretário de
Administração Tributária no governo de Anthony Garotinho
(1999 a abril de 2002).
"A CPI deverá pedir que sejam
devolvidos os recursos sacados
indevidamente pelo fiscal", disse
o deputado Alessandro Molon
(PT), integrante da comissão. De
acordo com o relatório do TCE,
Ramos depositou R$ 1.130.136,24
num fundo de investimentos do
BankBoston no dia 26 de fevereiro de 1999. No dia 6 de agosto de
2002, sacou R$ 150 mil.
Só voltou a movimentar a conta
em 8 de janeiro deste ano -um
dia depois de Silveirinha saber
que o escândalo das contas na
Suíça seria divulgado pela imprensa-, sacando R$ 400 mil.
O procurador Gino Liccione,
que acompanha o caso no Ministério Público Federal, disse que é
preciso saber se, no momento da
retirada, o banco já tinha sido avisado do bloqueio, pois o dinheiro
só fica indisponível quando a instituição toma conhecimento.
"É ótimo para comprovar que
ele [Ramos] está escapando da
atuação da Justiça o tempo todo.
Fica [a retirada] por conta da burocracia da 3ª Vara e também dessa índole dele [Ramos], que, já sabendo das notícias de jornal, ainda assim foi lá sacar", afirmou.
Indiciamento
Ontem, a Polícia Federal indiciou o fiscal Rômulo Gonçalves
pelos crimes de sonegação fiscal,
lavagem de dinheiro e manutenção de conta no exterior sem informar à Receita Federal. Gonçalves é o terceiro indiciado pela PF,
junto com Ramos e Silveirinha.
Ouvido ontem na Delecoie (Delegacia de Combate ao Crime Organizado e Inquéritos Especiais
da PF), Gonçalves negou possuir
US$ 2,1 milhões na Suíça.
O advogado dos fiscais, Clóvis
Sahione, chegou a admitir que
seus clientes podem ser processados e até condenados por manter
contas irregularmente e por sonegação fiscal. Ele está comemorando o fato de o indiciamento não
incluir até agora, como crime prévio para a lavagem de dinheiro, a
acusação de corrupção.
Para Sahione, isso torna mais
fácil a defesa dos fiscais. "Não há
dinheiro na Suíça. Se houver, haverá crime de manter depósitos e
sonegação fiscal." Como na Suíça
sonegação fiscal não é crime, afirmou ele, sem prova de corrupção
será mais fácil livrar os fiscais da
acusação de lavagem de dinheiro.
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