São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI EM APUROS

Comissão espera que funcionária revele de quem partiu a ordem para violar dados bancários do caseiro que denunciou Palocci

CPI ouve amanhã vice-presidente da Caixa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Bingos vai tomar amanhã o depoimento da vice-presidente de Tecnologia da Caixa Econômica Federal, Clarice Copetti, na expectativa de que ela revele de quem partiu a ordem interna de violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse acreditar que a violação dos dados da conta de Francenildo tenha sido "determinação da presidência da Caixa".
"Acho que o laptop é da presidência da Caixa", afirmou Dias, referindo-se ao computador portátil que teria sido usado para extrair os dados e que já foi entregue à Polícia Federal.
A CPI ainda não analisou o requerimento de convocação do presidente da Caixa, Jorge Mattoso. Ele prestará depoimento hoje à PF, no inquérito que investiga o vazamento da movimentação bancária do caseiro.
As informações iniciais da Caixa sobre a existência de dificuldades operacionais para rastrear o nome do funcionário que violou o sigilo de Francenildo foram contestadas por técnicos ouvidos pelos senadores dessa CPI.

Acareação
Em outra frente de investigação, a CPI já aprovou acareação entre o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, e ex-militante do PT Paulo de Tarso Venceslau.
Amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Okamotto disse ter pago em 2004 uma dívida de R$ 29,4 mil de Lula com o PT, relativa a despesas da campanha de 2002. A suspeita é que o dinheiro tenha saído de contas do publicitário Marcos Valério de Souza. À CPI Okamotto afirmou ter quitado a dívida de Lula em dinheiro por orientação do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Também ouvido pela CPI, Paulo de Tarso Venceslau acusou Okamotto de fazer caixa dois para o PT desde 1993. A acareação também tem a finalidade de esclarecer essa questão.
Essa investigação é considerada importante porque pode atingir diretamente o presidente Lula, mas ela está paralisada desde janeiro, quando uma liminar do presidente do STF, ministro Nelson Jobim, suspendeu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Okamotto.
A liminar, dada por Jobim no recesso do tribunal, foi depois mantida pelo relator do mandado de segurança, Cezar Peluso.
A CPI tem em mãos um requerimento para nova quebra dos sigilos de Okamotto, desta vez tentando evitar as brechas apontadas pelo STF, como a indefinição do período da quebra para evitar devassa ilegal na vida dele, mas ainda não o examinou, porque a oposição teme derrota.
"Vamos trabalhar pela quebra dos sigilos do Okamotto enquanto aguardamos o que vai acontecer com o ministro Antonio Palocci (Fazenda)", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino.
(SILVANA DE FREITAS)


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