São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PUBLICIDADE SUSPEITA

Acusado de direcionar verbas da Nossa Caixa para beneficiar aliados, governador afirma que "não há ingerência política em banco público"

Alckmin nega uso de banco e diz que caso não será investigado

LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que "não tem veracidade" a denúncia de que ele teria direcionado recursos de publicidade da Nossa Caixa para favorecer políticos aliados na Assembléia Legislativa. Segundo o tucano, o caso não será investigado.
Alckmin renunciará ao cargo na próxima quinta-feira para disputar a Presidência da República.
"Conversei com o presidente da Nossa Caixa [Carlos Eduardo Monteiro]. [A denúncia] Não tem a menor veracidade. O governo do Estado não interfere em banco público e o critério de distribuição da mídia do governo é eminentemente técnico", disse Alckmin.
Ontem, a Folha publicou documentos que mostram que o dinheiro de publicidade do banco foi usado em jornais, revistas e programas mantidos ou indicados por Wagner Salustiano (PSDB), "Bispo Gê" (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima (PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
Correspondências eletrônicas obtidas pela reportagem indicam que as ordens partiram do assessor especial de Comunicação de Alckmin, Roger Ferreira.
"A investigação foi feita pela Nossa Caixa, que enviou tudo ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado. Não há ingerência política em banco público nem em empresa estatal", disse.
Com relação aos e-mails obtidos pela Folha, Alckmin disse que os mesmos foram repassados por pessoas terceirizadas, que não falam em nome do governo.
Há conversas do então gerente de marketing do banco, Jaime de Castro Jr., com a agência de publicidade Contexto (contratada pela Nossa Caixa) e com o assessor de Comunicação de Alckmin.
"Pessoas terceirizadas de agência não falam em nome do governo. O Roger [Ferreira] vai continuar [no governo]", afirmou Alckmin, visivelmente irritado.
Com relação à auditoria que apontou irregularidades em 91,73% dos pagamentos feitos pela Nossa Caixa a duas agências de publicidade, Alckmin disse que realmente houve um erro, mas que as providências foram tomadas. "Um funcionário foi demitido a bem do serviço público."
O chefe da Casa Civil de Alckmin, Arnaldo Madeira, negou que haja uso político das verbas de publicidade. "A orientação do governo foi sempre a de fazer a distribuição tecnicamente. Todos sabem que o governo de São Paulo não gasta muito dinheiro em publicidade."
Indagado ontem sobre o caso, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), provável candidato à sucessão de Alckmin no governo do Estado, foi sucinto: "Eu não soube disso, não li os jornais hoje".


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