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ELEIÇÕES 2006/PUBLICIDADE SUSPEITA
Acusado de direcionar verbas da Nossa Caixa para beneficiar aliados,
governador afirma que "não há ingerência política em banco público"
Alckmin nega uso de banco e diz que caso não será investigado
LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador do Estado de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
disse ontem que "não tem veracidade" a denúncia de que ele teria
direcionado recursos de publicidade da Nossa Caixa para favorecer políticos aliados na Assembléia Legislativa. Segundo o tucano, o caso não será investigado.
Alckmin renunciará ao cargo na
próxima quinta-feira para disputar a Presidência da República.
"Conversei com o presidente da
Nossa Caixa [Carlos Eduardo
Monteiro]. [A denúncia] Não tem
a menor veracidade. O governo
do Estado não interfere em banco
público e o critério de distribuição
da mídia do governo é eminentemente técnico", disse Alckmin.
Ontem, a Folha publicou documentos que mostram que o dinheiro de publicidade do banco
foi usado em jornais, revistas e
programas mantidos ou indicados por Wagner Salustiano
(PSDB), "Bispo Gê" (PTB), Afanázio Jazadji (PFL), Vaz de Lima
(PSDB) e Edson Ferrarini (PTB).
Correspondências eletrônicas
obtidas pela reportagem indicam
que as ordens partiram do assessor especial de Comunicação de
Alckmin, Roger Ferreira.
"A investigação foi feita pela
Nossa Caixa, que enviou tudo ao
Ministério Público e ao Tribunal
de Contas do Estado. Não há ingerência política em banco público
nem em empresa estatal", disse.
Com relação aos e-mails obtidos pela Folha, Alckmin disse que
os mesmos foram repassados por
pessoas terceirizadas, que não falam em nome do governo.
Há conversas do então gerente
de marketing do banco, Jaime de
Castro Jr., com a agência de publicidade Contexto (contratada pela
Nossa Caixa) e com o assessor de
Comunicação de Alckmin.
"Pessoas terceirizadas de agência não falam em nome do governo. O Roger [Ferreira] vai continuar [no governo]", afirmou
Alckmin, visivelmente irritado.
Com relação à auditoria que
apontou irregularidades em
91,73% dos pagamentos feitos pela Nossa Caixa a duas agências de
publicidade, Alckmin disse que
realmente houve um erro, mas
que as providências foram tomadas. "Um funcionário foi demitido a bem do serviço público."
O chefe da Casa Civil de Alckmin, Arnaldo Madeira, negou que
haja uso político das verbas de publicidade. "A orientação do governo foi sempre a de fazer a distribuição tecnicamente. Todos sabem que o governo de São Paulo
não gasta muito dinheiro em publicidade."
Indagado ontem sobre o caso, o
prefeito de São Paulo, José Serra
(PSDB), provável candidato à sucessão de Alckmin no governo do
Estado, foi sucinto: "Eu não soube
disso, não li os jornais hoje".
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