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Tirem o "cavalinho da chuva" por 2010, diz Lula à oposição
Presidente afirma que elegerá seu sucessor; evento do PAC vira ato de desagravo a Dilma
Ministro, governador e prefeito elogiam chefe da Casa Civil em discurso; Lula não cita nomes e reconhece que a disputa está longe
LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A RECIFE
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro ontem,
em Recife, o quanto a eleição de
2010 o inquieta e enviou um recado para que a oposição tire "o
cavalinho da chuva" porque ele
fará o sucessor.
"A oposição pensa que vai
eleger o sucessor. Podem tirar o
cavalinho da chuva, porque vamos fazer a sucessão para continuar governando este país",
disse Lula, em um evento marcado por desagravos à ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), tida como possível candidata do
PT à disputa presidencial.
A ministra recebeu elogios de
praticamente todos os que discursaram na cerimônia, na qual
foi dada a ordem de serviço para obras do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
O ministro Geddel Vieira Lima confessou estar livre do machismo em virtude da convivência com a colega, descrita por ele como uma mulher "arretada". O prefeito de Recife,
João Paulo (PT), a chamou de
"guardiã do PAC".
Até um morador de Jordão,
bairro da periferia de Recife
contemplado no PAC, fez referência a Dilma no discurso,
chamando-a de "mulher guerreira". O governador de Pernambuco, Eduardo Campos
(PSB), falou da capacidade dela
de "tirar as coisas do papel".
Conhecida por falar de modo
técnico e contido, Dilma voltou
a recorrer aos números em sua
fala, mas assumiu um tom mais
de "palanque político".
Dilma comparou o PAC a
uma "locomotiva" repleta de
"vagões". Até fez uma promessa típica de campanha eleitoral,
ao dizer que o governo trabalha
para Pernambuco não ter "nenhum candeeiro aceso" até
2010, numa referência ao programa Luz para Todos.
Terminada a cerimônia, ela
negou estar em campanha. "Estou fazendo o PAC." Questionada sobre como sentia o clima
no Nordeste, onde a popularidade de Lula é mais alta, recorreu à meteorologia: "Um pouco
quente, né? Estou derretendo".
Apesar de falar na sucessão,
Lula não citou nenhum nome.
Reconheceu que a disputa está
"muito longe", mas foi claro ao
atacar seus adversários: "Se alguém pensa que vai atrapalhar
o projeto de desenvolvimento
deste país, vão ter que trabalhar
muito", disse, desafiando a
oposição a comparar gestões.
"É preciso trabalhar mais
que nós e dizer ao povo o que fizeram antes de nós. Porque já
governaram, não são marinheiros de primeira viagem", afirmou o presidente.
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