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Acordo PT-PMDB no Rio enfrenta resistência
Selada por Lula e Cabral, decisão de lançar petista à prefeitura é criticada internamente nos dois partidos
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
O acordo fechado "por cima"
entre o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e o governador Sérgio Cabral Filho para o
PMDB apoiar a candidatura do
deputado estadual petista Alessandro Molon à Prefeitura do
Rio enfrenta resistências internas nos dois partidos.
As cúpulas saudaram a aliança, mas a falta de discussões
prévias e a imposição da chapa
Molon-Régis Fichtner (dirigente do PMDB municipal e secretário da Casa Civil de Cabral) irritaram petistas e peemedebistas importantes, que
falam em levar a decisão a prévias e convenções.
Os entendimentos que levaram à formação da chapa foram
tocados em segredo entre o governador e dirigentes nacionais
do PT, sempre com anuência de
Lula. O próprio Molon, que se
reuniu ontem por duas horas
com Cabral, afirmou ter se surpreendido com a aliança.
Após a reunião com o governador e com o deputado Jorge
Picciani, presidente da Assembléia Legislativa e da junta que
administra o diretório municipal do PMDB, Molon afirmou
que o acordo só vale caso seja o
candidato. "O governador deixou claro que o apoio do PT é
para a chapa Molon-Régis."
No PT, o pré-candidato Vladimir Palmeira disse que disputará a prévia de domingo.
"Nunca se discutiu [essa aliança] no PT. A candidatura do
Molon é uma candidatura literalmente inviável, independentemente dos méritos do
Molon. Ele vai disputar a mesma base do [Fernando] Gabeira
[PV], do Chico [Alencar, do
PSOL], da Jandira [Feghali, do
PC do B]", reagiu.
Essa é a segunda vez que Palmeira tem uma pré-candidatura vitimada por preferências da
direção nacional petista. Em
1998, quando postulava disputar o governo fluminense, foi
atropelado pela decisão do partido de se aliar ao PDT, o que
deu a cabeça de chapa a Anthony Garotinho, que veio a ser
eleito, com Benedita da Silva
(PT) como vice. Palmeira não
concorreu naquele ano.
No PMDB, a reação inicial
partiu de Garotinho, presidente do diretório estadual. Ex-aliado de Cabral, Garotinho
atacou com dureza o governador. "A palavra de Sérgio Cabral
vale tanto quanto uma nota de
R$ 15, ou seja, não existe", escreveu Garotinho em seu blog a
respeito do abandono por Cabral da decisão anunciada de
apoiar a candidatura do ex-deputado federal Eduardo Paes.
A convite do governador,
Paes trocou o PSDB pelo
PMDB atraído pelo convite de
disputar a eleição. Ontem, Paes
e Cabral evitaram falar à Folha.
O deputado federal Marcelo
Itagiba quer disputar a indicação do PMDB. Disse que tem o
apoio do presidente do PMDB,
Michel Temer, do líder do partido na Câmara, Eduardo Henrique Alves, e de 10 dos 12 deputados federais da bancada do
Rio. Para ele, a aliança PMDB-PT não passa, até agora, de uma
proposta do governador.
Para o prefeito do Rio, Cesar
Maia (DEM), que vê ameaçado
o acordo anterior firmado com
o PMDB para apoiar a democrata Solange Amaral, a situação só mudará em agosto, com
o início do programa eleitoral.
Maia considera Crivella o mais
prejudicado, pois contava com
o apoio de Lula.
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