São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Acordo PT-PMDB no Rio enfrenta resistência

Selada por Lula e Cabral, decisão de lançar petista à prefeitura é criticada internamente nos dois partidos

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O acordo fechado "por cima" entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Sérgio Cabral Filho para o PMDB apoiar a candidatura do deputado estadual petista Alessandro Molon à Prefeitura do Rio enfrenta resistências internas nos dois partidos.
As cúpulas saudaram a aliança, mas a falta de discussões prévias e a imposição da chapa Molon-Régis Fichtner (dirigente do PMDB municipal e secretário da Casa Civil de Cabral) irritaram petistas e peemedebistas importantes, que falam em levar a decisão a prévias e convenções.
Os entendimentos que levaram à formação da chapa foram tocados em segredo entre o governador e dirigentes nacionais do PT, sempre com anuência de Lula. O próprio Molon, que se reuniu ontem por duas horas com Cabral, afirmou ter se surpreendido com a aliança.
Após a reunião com o governador e com o deputado Jorge Picciani, presidente da Assembléia Legislativa e da junta que administra o diretório municipal do PMDB, Molon afirmou que o acordo só vale caso seja o candidato. "O governador deixou claro que o apoio do PT é para a chapa Molon-Régis."
No PT, o pré-candidato Vladimir Palmeira disse que disputará a prévia de domingo. "Nunca se discutiu [essa aliança] no PT. A candidatura do Molon é uma candidatura literalmente inviável, independentemente dos méritos do Molon. Ele vai disputar a mesma base do [Fernando] Gabeira [PV], do Chico [Alencar, do PSOL], da Jandira [Feghali, do PC do B]", reagiu.
Essa é a segunda vez que Palmeira tem uma pré-candidatura vitimada por preferências da direção nacional petista. Em 1998, quando postulava disputar o governo fluminense, foi atropelado pela decisão do partido de se aliar ao PDT, o que deu a cabeça de chapa a Anthony Garotinho, que veio a ser eleito, com Benedita da Silva (PT) como vice. Palmeira não concorreu naquele ano.
No PMDB, a reação inicial partiu de Garotinho, presidente do diretório estadual. Ex-aliado de Cabral, Garotinho atacou com dureza o governador. "A palavra de Sérgio Cabral vale tanto quanto uma nota de R$ 15, ou seja, não existe", escreveu Garotinho em seu blog a respeito do abandono por Cabral da decisão anunciada de apoiar a candidatura do ex-deputado federal Eduardo Paes.
A convite do governador, Paes trocou o PSDB pelo PMDB atraído pelo convite de disputar a eleição. Ontem, Paes e Cabral evitaram falar à Folha.
O deputado federal Marcelo Itagiba quer disputar a indicação do PMDB. Disse que tem o apoio do presidente do PMDB, Michel Temer, do líder do partido na Câmara, Eduardo Henrique Alves, e de 10 dos 12 deputados federais da bancada do Rio. Para ele, a aliança PMDB-PT não passa, até agora, de uma proposta do governador.
Para o prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM), que vê ameaçado o acordo anterior firmado com o PMDB para apoiar a democrata Solange Amaral, a situação só mudará em agosto, com o início do programa eleitoral. Maia considera Crivella o mais prejudicado, pois contava com o apoio de Lula.


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