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Para Lula, PT terá de engolir aliança em BH
Presidente nega apelo para persuadir Patrus a concorrer; ministro rejeita candidatura, mas critica forma de acordo com PSDB
O prefeito de BH, Fernando Pimentel, diz que decisão é "interna do PT", em crítica ao ministro Hélio Costa (PMDB) e ao vice José Alencar (PRB)
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Com a decisão do ministro
Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) de não disputar a
Prefeitura de Belo Horizonte, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva avalia que a direção nacional do PT terá de engolir a
aliança PT-PSDB na cidade.
O prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio
Neves (PSDB) articulam a candidatura de Márcio Lacerda
(PSB), atual secretário de Desenvolvimento Econômico de
Minas. Em entrevista ontem,
Patrus disse: "Não sou candidato a prefeito, mas quero participar do processo".
A Folha apurou que Lula se
recusou a atender o pedido de
aliados e da direção nacional do
PT para convencer Patrus a
concorrer. Em reunião anteontem com Lula, o vice José Alencar (PRB) e os ministros Hélio
Costa (Comunicações) e Luiz
Dulci (Secretaria Geral) tentaram convencê-lo a pressionar
Patrus. Lula respondeu que, se
Patrus fosse candidato, mataria a aliança PT-PSDB-PSB,
mas lembrou que ele já recusara a empreitada. Disse que não
interferiria.
O presidente, porém, avaliou
que Pimentel foi inábil ao costurar diretamente com Aécio a
aliança. Patrus criticou o prefeito: "Ocorreram equívocos no
processo, que foi imposto de cima para baixo. O próprio Pimentel admitiu. As bases do
PT, assim como interlocutores
históricos e importantes, não
foram ouvidos, como o vice-presidente José Alencar e o ministro Hélio Costa".
Alencar é um aliado de Lula
desde 2002, quando aceitou
ser vice para ajudar o petista a
frear temores do empresariado. Além de político importante em Minas, Costa integra o
PMDB, partido cujas alas sempre tão divididas se integraram
completamente à gestão Lula.
No lado tucano, a Folha apurou que Aécio já articula visita
a Alencar em Brasília, pois reconhece que houve erro ao não
pô-lo a par das conversas.
Indicação
Patrus alfinetou Lacerda:
"Estou disposto a ajudar a
construir um nome que seja
mais plural e consensual (...).
Acho que um nome que tem dimensão é o da ex-reitora da
UFMG Ana Lúcia Gazzola. Poderia ter nosso apoio e do
PSDB." Filiada ao PSB, Gazzola
é próxima de Patrus. Lacerda é
ligado a Aécio e ao deputado federal Ciro Gomes (PSB).
Nos bastidores, Pimentel
lembra que consultou Lula sobre a articulação com Aécio e
ouviu que poderia ir adiante.
Interessa a Lula alimentar uma
boa relação com Aécio, que deseja ser candidato a presidente
em 2010. E Pimentel quer
apoio do tucano para concorrer
ao Palácio da Liberdade.
Patrus avalia que, se disputar
agora, perderá força para concorrer ao governo mineiro ou à
Presidência em 2010.
A articulação, no entanto, já
desgasta a base mineira do governo Lula. O prefeito fez críticas aos não-petistas descontentes. "Não é decisão que compita ao ministro Hélio Costa,
que é do PMDB, nem ao vice-presidente José Alencar, com
todo o respeito que tenho pelos
dois. É decisão interna do PT."
Pimentel disse que Lula tem
sido informado de tudo. A última conversa foi na segunda,
por telefone, segundo o prefeito. "O presidente está sempre
muito bem informado, não só
por mim como pelos demais
ministros mineiros. Até onde
sei, o presidente não vai interferir direta nem indiretamente
em nenhum processo sucessório."
(KENNEDY ALENCAR, LUCAS FERRAZ e PAULO PEIXOTO)
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