São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Para Lula, PT terá de engolir aliança em BH

Presidente nega apelo para persuadir Patrus a concorrer; ministro rejeita candidatura, mas critica forma de acordo com PSDB

O prefeito de BH, Fernando Pimentel, diz que decisão é "interna do PT", em crítica ao ministro Hélio Costa (PMDB) e ao vice José Alencar (PRB)

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Com a decisão do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) de não disputar a Prefeitura de Belo Horizonte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que a direção nacional do PT terá de engolir a aliança PT-PSDB na cidade.
O prefeito Fernando Pimentel (PT) e o governador Aécio Neves (PSDB) articulam a candidatura de Márcio Lacerda (PSB), atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas. Em entrevista ontem, Patrus disse: "Não sou candidato a prefeito, mas quero participar do processo".
A Folha apurou que Lula se recusou a atender o pedido de aliados e da direção nacional do PT para convencer Patrus a concorrer. Em reunião anteontem com Lula, o vice José Alencar (PRB) e os ministros Hélio Costa (Comunicações) e Luiz Dulci (Secretaria Geral) tentaram convencê-lo a pressionar Patrus. Lula respondeu que, se Patrus fosse candidato, mataria a aliança PT-PSDB-PSB, mas lembrou que ele já recusara a empreitada. Disse que não interferiria.
O presidente, porém, avaliou que Pimentel foi inábil ao costurar diretamente com Aécio a aliança. Patrus criticou o prefeito: "Ocorreram equívocos no processo, que foi imposto de cima para baixo. O próprio Pimentel admitiu. As bases do PT, assim como interlocutores históricos e importantes, não foram ouvidos, como o vice-presidente José Alencar e o ministro Hélio Costa".
Alencar é um aliado de Lula desde 2002, quando aceitou ser vice para ajudar o petista a frear temores do empresariado. Além de político importante em Minas, Costa integra o PMDB, partido cujas alas sempre tão divididas se integraram completamente à gestão Lula.
No lado tucano, a Folha apurou que Aécio já articula visita a Alencar em Brasília, pois reconhece que houve erro ao não pô-lo a par das conversas.

Indicação
Patrus alfinetou Lacerda: "Estou disposto a ajudar a construir um nome que seja mais plural e consensual (...). Acho que um nome que tem dimensão é o da ex-reitora da UFMG Ana Lúcia Gazzola. Poderia ter nosso apoio e do PSDB." Filiada ao PSB, Gazzola é próxima de Patrus. Lacerda é ligado a Aécio e ao deputado federal Ciro Gomes (PSB).
Nos bastidores, Pimentel lembra que consultou Lula sobre a articulação com Aécio e ouviu que poderia ir adiante. Interessa a Lula alimentar uma boa relação com Aécio, que deseja ser candidato a presidente em 2010. E Pimentel quer apoio do tucano para concorrer ao Palácio da Liberdade.
Patrus avalia que, se disputar agora, perderá força para concorrer ao governo mineiro ou à Presidência em 2010.
A articulação, no entanto, já desgasta a base mineira do governo Lula. O prefeito fez críticas aos não-petistas descontentes. "Não é decisão que compita ao ministro Hélio Costa, que é do PMDB, nem ao vice-presidente José Alencar, com todo o respeito que tenho pelos dois. É decisão interna do PT."
Pimentel disse que Lula tem sido informado de tudo. A última conversa foi na segunda, por telefone, segundo o prefeito. "O presidente está sempre muito bem informado, não só por mim como pelos demais ministros mineiros. Até onde sei, o presidente não vai interferir direta nem indiretamente em nenhum processo sucessório." (KENNEDY ALENCAR, LUCAS FERRAZ e PAULO PEIXOTO)

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