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Aumento de valor da obra preocupa estatal venezuelana
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A refinaria binacional da Petrobras com a estatal petrolífera venezuelana PDVSA em
Abreu e Lima (PE), um dos alvos da Operação Castelo de
Areia da Polícia Federal, vive
impasse para a criação de empresa mista que vai construí-la
e administrá-la. O impasse tem
versões divergentes das duas
empresas. Até agora, só a visão
da Petrobras tinha sido divulgada. A Folha obteve, com um
alto funcionário da PDVSA, a
versão da estrangeira.
A operação, deflagrada quarta-feira, investiga fraude em licitação da refinaria, com suposto superfaturamento de
R$ 59 milhões. O avançar das
concorrências, sem a PDVSA
-visto que não há ainda a empresa mista-, é justamente
uma das preocupações da venezuelana, que vê a Petrobras
negociar os contratos da provável parceria sem consultá-la.
Segundo a PDVSA, a Petrobras informou que a refinaria
hoje custaria cerca de US$ 9 bilhões (R$ 20,3 bilhões). O projeto foi inicialmente anunciado
por US$ 2,5 bi (em 2005) e depois por US$ 4,05 bi (em março
de 2008). Confirmado o número, sairia por 3,6 vezes o montante inicial, de 2005. A Petrobras disse apenas que "o valor
está sendo revisado em função
da conjuntura mundial".
Os venezuelanos temem que
a PDVSA só seja autorizada a
entrar quando tudo já estiver
pronto. Nesse caso, a empresa
teria de aplicar 40% do investimento total -muito superior
ao inicial-, sem ter participado
de nenhuma etapa licitatória.
A empresa contesta os principais argumentos até agora
usados pelo diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo
Roberto Costa, para não criar a
empresa mista. A PDVSA afirma que venderia óleo cru para
a refinaria comum por preço
abaixo da cotação de mercado e
não acima -como tem dito
Costa. Também nega a intenção de vender derivados diretamente ao mercado brasileiro.
A empresa mista ainda não
existe, segundo a Petrobras,
pelo impasse nesses dois pontos. Segundo o projeto, a Petrobras teria 60% da empresa mista e a PDVSA, 40%.
Cada uma forneceria 100 mil
barris de óleo cru por dia, para
a produção principalmente de
óleo diesel e gás de cozinha. A
PDVSA diz que seu óleo cru seria US$ 0.71/barril mais barato
que o da Petrobras, o que beneficiaria o projeto.
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