São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Aumento de valor da obra preocupa estatal venezuelana

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A refinaria binacional da Petrobras com a estatal petrolífera venezuelana PDVSA em Abreu e Lima (PE), um dos alvos da Operação Castelo de Areia da Polícia Federal, vive impasse para a criação de empresa mista que vai construí-la e administrá-la. O impasse tem versões divergentes das duas empresas. Até agora, só a visão da Petrobras tinha sido divulgada. A Folha obteve, com um alto funcionário da PDVSA, a versão da estrangeira.
A operação, deflagrada quarta-feira, investiga fraude em licitação da refinaria, com suposto superfaturamento de R$ 59 milhões. O avançar das concorrências, sem a PDVSA -visto que não há ainda a empresa mista-, é justamente uma das preocupações da venezuelana, que vê a Petrobras negociar os contratos da provável parceria sem consultá-la.
Segundo a PDVSA, a Petrobras informou que a refinaria hoje custaria cerca de US$ 9 bilhões (R$ 20,3 bilhões). O projeto foi inicialmente anunciado por US$ 2,5 bi (em 2005) e depois por US$ 4,05 bi (em março de 2008). Confirmado o número, sairia por 3,6 vezes o montante inicial, de 2005. A Petrobras disse apenas que "o valor está sendo revisado em função da conjuntura mundial".
Os venezuelanos temem que a PDVSA só seja autorizada a entrar quando tudo já estiver pronto. Nesse caso, a empresa teria de aplicar 40% do investimento total -muito superior ao inicial-, sem ter participado de nenhuma etapa licitatória.
A empresa contesta os principais argumentos até agora usados pelo diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para não criar a empresa mista. A PDVSA afirma que venderia óleo cru para a refinaria comum por preço abaixo da cotação de mercado e não acima -como tem dito Costa. Também nega a intenção de vender derivados diretamente ao mercado brasileiro.
A empresa mista ainda não existe, segundo a Petrobras, pelo impasse nesses dois pontos. Segundo o projeto, a Petrobras teria 60% da empresa mista e a PDVSA, 40%.
Cada uma forneceria 100 mil barris de óleo cru por dia, para a produção principalmente de óleo diesel e gás de cozinha. A PDVSA diz que seu óleo cru seria US$ 0.71/barril mais barato que o da Petrobras, o que beneficiaria o projeto.


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