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FHC cobra de Serra defesa de seu governo
Ex-presidente diz que governador "foi parte ativa do que se fez" e promete ir ao lançamento de sua candidatura "para bater palma"
Para FHC, governador de SP não deve repetir o erro de Alckmin, que não defendeu o seu governo: "As pessoas aprendem com a vida", disse
BERNARDO MELLO FRANCO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso cobrou ontem que o governador José Serra saia em defesa das realizações de sua gestão no Palácio do
Planalto (1995-2002). Na primeira manifestação pública sobre o assunto, ele afirmou que
Serra tem compromisso com o
governo do PSDB, em que foi
ministro do Planejamento e da
Saúde. A cobrança contraria a
estratégia tucana de tentar evitar que a eleição presidencial se
transforme num plebiscito entre os governos Lula e FHC.
Fernando Henrique deixou
claro que o pré-candidato tucano não poderá desvincular sua
imagem do governo em que
ocupou cargos de destaque. "O
Serra tem um compromisso,
porque ele foi parte ativa do
que se fez", cobrou.
Para o ex-presidente, Serra
não deve repetir a tática do ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB), que foi criticado na
campanha presidencial de
2006 por não defender a gestão
tucana.
"As pessoas aprendem com a
vida", comentou Fernando
Henrique. Após a reeleição de
Lula, os tucanos admitiram que
Alckmin errou ao abandonar as
bandeiras do partido, recusando-se até a defender a privatização de empresas estatais.
No início da semana, o presidente do PSDB, senador Sérgio
Guerra (PE), provocou mal-estar no partido ao informar que
FHC não estará na lista de oradores da festa de lançamento
da pré-candidatura Serra, marcada para 10 de abril. Ontem, o
ex-presidente tentou negar o
embaraço: "É conversa fiada.
Quando tem muito orador, prefiro não falar. O importante é a
mensagem do candidato. Os
outros vão ser acólitos, eu inclusive. Eu vou lá para bater
palma", disse.
Apesar do desdém, ele deixou
espaço para um eventual convite: "Se for o caso de falar, eu falo. Mas a fala que eu quero ouvir é a do Serra".
A polêmica ameaça ressuscitar o clima das eleições de
2002, quando Lula venceu Serra no segundo turno. Na ocasião, o tucano também foi criticado por tentar desvincular sua
imagem de FHC, que amargava
baixos índices de popularidade.
Além de incomodar FHC e
seus aliados, a decisão de esconder o ex-presidente na festa
de Serra trouxe à tona um dilema tucano: como lidar com sua
imagem na disputa presidencial. Enquanto alguns tucanos
defendem seu afastamento da
campanha -sugerindo até que
não compareça a atos públicos-, outros alegam que a associação é inevitável.
Atribuída a Sérgio Guerra, a
sugestão de que se "esqueça
FHC" fomentou o constrangimento. "O Brasil e o PSDB têm
uma enorme dívida com FHC.
Ele merece todo o respeito pela
contribuição que deu ao país e
continua dando à democracia",
diz o deputado Arnaldo Madeira (SP), líder do governo passado na Câmara.
O governador de Minas, Aécio Neves, criticou o tratamento dado ao ex-presidente. "O
presidente Fernando Henrique
é um homem do qual todos nos
orgulhamos", disse. "É preciso
que todos façam justiça a ele, a
começar por seus companheiros de partido."
Secretário de Comunicação
do governo FHC, Andrea Matarazzo afirma que o ex-presidente "é a história do PSDB".
"Não se pode renegar a própria
história", afirmou.
O impasse impõe um embaraço a Serra -que, no governo
FHC, fazia críticas à condução
da política econômica. Já como
potencial candidato, ele defendeu, no ano passado, a administração FHC, afirmando que os
programas sociais nasceram na
sua gestão. Aliados alegam, no
entanto, que esse discurso alimenta a estratégia petista.
Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha
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