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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
Yoshiaki Nakano, um dos principais colaboradores do presidenciável Geraldo Alckmin, propõe que déficit nominal seja zerado
Economista tucano quer desvalorizar real
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Yoshiaki Nakano, um dos principais colaboradores do pré-candidato do PSDB
à Presidência, Geraldo Alckmin,
defendeu ontem a fixação em lei
de um prazo de dois anos para
que o déficit nominal seja zerado
no país. Diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas, ele afirma que,
sem cortes capazes de permitir
que a arrecadação da União seja
maior que as despesas, não será
possível voltar a crescer.
"Se formos incapazes de fazer
isso, que é o mínimo, mínimo necessário para começar a mudar,
então esquece." Na saída do debate promovido pela FGV, Nakano
afirmou que o cumprimento do
prazo "depende de vontade política". "Zerando em dois anos, sobram mais dois para governar."
Pela proposta de Nakano, a
mesma lei estabeleceria um prazo
de dez anos para redução da proporção dívida/PIB de cerca de
50% para 30%.
A recuperação econômica dependeria do casamento desse
ajuste fiscal vigoroso -em média, de 10% a 15% do PIB- com a
desvalorização do real. Segundo
ele, esses são os dois "elementos-chave" para a retomada do crescimento. "Não vejo como o país
voltar a crescer a não ser com o
câmbio desvalorizado." Assim,
diz, será possível aumentar as exportações, gerando emprego e aumentando a demanda interna.
Nakano reconhece, porém, que
a desvalorização "evidentemente,
vai gerar inflação". "Pode gerar
pressão inflacionária."
Para deter a inflação, o ajuste.
Segundo ele, todas as experiências bem sucedidas de ajuste "foram precedidas por desvalorização cambial". "Você faz ajuste
cambial e a economia começa a
recuperar. Aí, pode fazer corte de
gastos -e a experiência em corte
de gastos é de 10%, 15% do PIB-
isso não provoca recessão."
Graças ao modelo, o governo
-sem déficit- poderia reduzir a
taxa de juros por não depender
mais de financiamento. "O grande problema é fazer essa transição
com dosagem correta, de uma
forma que não bote a economia
numa situação complicada."
No debate, Nakano apresentou
o ajuste como meio de garantir investimentos em infra-estrutura.
"Precisamos recompor o Estado
desenvolvimentista. Não precisamos mais ter vergonha de ser desenvolvimentista. Até pouco tempo, quando se falava em desenvolvimentismo, você era pichado
de toda forma. Agora, já tenho até
coragem de falar que precisamos
de um Estado desenvolvimentista", disse o economista.
Ele citou exemplos de sua atuação no governo Mario Covas
(1995-2001), mas disse que não
haveria receita para ajuste. "Como faz? Cortando. Não tem jeito.
É uma caixa-preta. Você vai descobrir o que está lá dentro", disse.
Questionado, Nakano apontou
Alckmin como candidato capaz
de implementar essas medidas,
"por ter saído da mesma escola".
Secretário no governo Covas,
Nakano presta assessoria informal a Alckmin, desde 2005, quando era chamado, aos domingos,
ao Palácio dos Bandeirantes.
Alckmin costuma consultá-lo antes de viagens pelo país, como a
que fez a Rio Verde, em Goiás.
Segundo o coordenador de programa de Alckmin, João Carlos
Meirelles, Nakano é um dos
"principais colaboradores" do tucano. Mas o candidato ouve "várias vertentes para decidir a que
melhor casa crescimento e desenvolvimento social".
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