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CONGRESSO
Projeto veta que liminares do STF sejam concedidas por apenas um membro do tribunal; texto ainda vai para a Câmara
Decisão do Senado limita ação do Supremo
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou
ontem, com 13 votos a favor e 8
contrários, projeto que limita a
atuação individual de ministros
do Supremo Tribunal Federal em
liminares (decisões provisórias).
A medida é aprovada em um momento em que parlamentares têm
criticado decisões judiciais que
impediram ou dificultaram o trabalho de CPIs do Congresso.
O texto, de autoria do senador
José Jorge (PFL-PE), veta a concessão de liminares por apenas
um ministro do Supremo em
mandados de segurança contra
atos do próprio STF, do presidente da República ou do Congresso,
inclusive de comissões e Mesas
Diretoras das duas Casas.
Pelo projeto, esse tipo de decisão só poderá ser concedido pela
maioria dos ministros do tribunal. As exceções seriam casos de
"extrema urgência, risco de lesão
grave ou período de recesso".
Atualmente, as liminares podem ser dadas por um ministro, o
relator do caso. Cabe ao plenário
Supremo, composto por 11 ministros, julgar o mérito.
Nos últimos meses, parlamentares têm criticado a atuação de
ministros do STF ao concederem
liminares contrárias a decisões de
comissões parlamentares de inquérito, entre elas a CPI dos Bingos e a dos Correios, recém-concluída. Em alguns casos, essas liminares têm sido tratadas como
interferência do Poder Judiciário
no Legislativo.
Polêmica
Entre os exemplos desse tipo de
decisão que renderam polêmica
está a liminar que suspendeu o
depoimento do caseiro Francenildo Costa à CPI dos Bingos. Foi um
pedido do senador Tião Viana
(PT-AC), da base governista.
Outra liminar, em vigor até hoje, é a que proibiu a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico
do presidente do Sebrae, Paulo
Okamotto. Ele pagou uma dívida
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva com o PT e é investigado pela CPI dos Bingos.
Nos dois casos, a decisão foi
monocrática, concedida por um
único ministro do Supremo.
"Se for uma decisão colegiada,
ela é mais debatida e de mais responsabilidade", disse o senador
Demóstenes Torres (PFL-GO),
relator do projeto, ao defender a
aprovação da medida.
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), um
dos que votaram contra a proposta, disse que vai recorrer para que
o texto seja analisado no plenário
do Senado. O projeto era terminativo na comissão e poderia seguir
direto para a Câmara, caso não
houvesse recurso para que passasse pelo plenário do Senado.
Segundo Mercadante, além de
sobrecarregar os ministros do Supremo com mais processos a serem analisados, o projeto pode
prejudicar interesses quando se
tratar de matéria urgente.
"Vamos recorrer ao plenário e a
todas as instâncias necessárias",
afirmou Mercadante.
Relacionamento
Já o senador José Jorge não concorda com o argumento de que
haverá sobrecarga de trabalho para o Supremo. "O problema não é
a sobrecarga. É colocar a relação
[entre os Poderes] de forma consistente", afirmou.
O autor do projeto nega que o
projeto seja uma reação às recentes decisões do Supremo. "Apresentei a proposta anteriormente
às liminares. É para melhorar o
relacionamento entre os Poderes", afirmou José Jorge.
Já o senador Álvaro Dias
(PSDB-PR) deixou claro sua posição durante a votação. "Estamos
assistindo a subtração de prerrogativas do Congresso Nacional.
Decisões monocráticas criam
contradições até mesmo dentro
do próprio Supremo."
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