São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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CAMPO MINADO

MST diz que não sai da área pacificamente

Sem-terra invadem pela segunda vez terras da Aracruz no Espírito Santo

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Em nova investida contra a Aracruz Celulose, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem terras da empresa no Espírito Santo. É a segunda vez desde setembro do ano passado que sem-terra invadem a fazenda Agril. Desde 2004, fazendas de eucaliptos de empresas de celulose têm sido alvo do MST.
Na madrugada de ontem, 200 famílias invadiram a propriedade, que fica entre os municípios de Aracruz e Linhares (80 km ao norte de Vitória), e levantaram acampamento, sem conflitos.
Ademilson Souza, da coordenação estadual do MST, apontou dois objetivos da invasão: pressionar o poder público para identificar terras devolutas no Estado, colocar estas terras no programa de reforma agrária, e repudiar contra a "perseguição aos movimentos sociais" no Sul, após invasão de fazenda da Aracruz em Barra do Ribeiro (RS).
O coordenador do MST afirma que, dos 8.700 hectares da Agril, apenas 3.700 têm titularidade declarada no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), e que o restante são terras devolutas -do Estado. "Queremos uma destinação social para a terra, que não fique nas mãos da Aracruz", disse Souza. "Não temos disposição de desocupar a área pacificamente. O Estado vai ter que colocar a Polícia Militar para despejar as famílias de uma área que é pública."
O diretor de Operações da Aracruz, Walter Nunes, diz que a empresa tem provas da titularidade das terras e declarou que os sem-terra descumprem decisão judicial pela reintegração da posse.
Em nota, a Aracruz informou que a Agril tem 78% da sua extensão coberta por áreas de preservação ambiental e que o restante serve ao plantio de eucaliptos.
O superintendente do Incra, Gerônimo Brumatti, disse que estão em andamento processos de desapropriação de mais terras.


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