São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2010

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Marina vai pedir apoio de Ciro na campanha

Verdes apostam em rebelião do deputado contra o PSB, que optou por aliança com Dilma ao invés de candidatura própria

Pré-candidata deve procurar ex-colega de Esplanada nos próximos dias; para membro da Executiva, eleitorado de Ciro não pertence ao PSB


BERNARDO MELLO FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A pré-candidata do PV, Marina Silva, vai pedir o apoio do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) na corrida presidencial. Ela deve procurá-lo para uma primeira conversa nos próximos dias.
Os verdes apostam numa rebelião de Ciro contra o próprio partido, que rifou sua candidatura para embarcar na campanha de Dilma Rousseff (PT).
A operação será deflagrada assim que o PSB oficializar que não terá candidato próprio à sucessão do presidente Lula. "O apoio de Ciro nos interessa. Em tempo hábil, a Marina vai procurá-lo", confirmou à Folha, de Washington, por telefone, o coordenador da campanha do PV, Alfredo Sirkis.
Aliados da senadora avaliam que Ciro demonstrou ressentimento com a cúpula do PSB, que barrou sua candidatura para negociar alianças regionais. Eles interpretaram as críticas a Dilma como um sinal de que o deputado pode boicotar a aliança do partido com o PT.
"Ciro ficou numa situação muito delicada. Apoiar a Marina seria uma boa saída para ele", diz o ex-deputado Luciano Zica, da Executiva Nacional do PV. "Ele pode ser um parceiro, quem sabe até um colaborador da campanha."
Marina volta hoje dos Estados Unidos. Antes de viajar, ela divulgou nota chamando a decisão do PSB de "retrocesso" e "intolerância democrática". "A Marina gosta muito do Ciro. E o eleitorado é dele, não do PSB", afirma Zica.
A direção do PV agora discute uma forma de iniciar o diálogo sem melindrar o deputado, que está com o orgulho ferido e se sentiu abandonado pelo próprio partido. A ideia é que Marina o procure para marcar uma conversa cara a cara.
"Temos que dar um tempo a ele para deixar a poeira baixar", disse Sirkis. "A turma da Dilma já está urubuzando o Ciro. Não vamos fazer isso. Vamos tratá-lo com respeito e seriedade."
Publicamente, Marina passará a se apresentar como única alternativa à polarização entre Dilma e José Serra (PSDB). Ciro pretendia desempenhar o mesmo papel, em oposição ao caráter plebiscitário que o governo quer dar à eleição.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 19, Marina e Ciro aparecem tecnicamente empatados -ela teve 10% das intenções, e ele, 9%. Sem o deputado, Marina alcança os 12%.


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